Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio
Descrição de chapéu
Coronavírus

Engana-se quem acha que o vírus vai tirar nosso direito de pular a fogueira

No lugar da festa junina, vem aí a festa pandenina

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Como se não bastassem as mortes, o isolamento e o caos político, a pandemia trouxe mais um infortúnio aos brasileiros. Com a chegada do mês de junho, os amantes dos festejos juninos já lamentam não poder tomar um quentão e um caldo verde.

Mas engana-se quem acha que o coronavírus vai tirar nosso direito de pular a fogueira. Um grupo de organizadores luta pelo direito de fazer arraial em plena pandemia. No lugar da festa junina, vem aí a festa pandenina.

Ilustração mostra uma festa junina unindo diversos símbolos ligados aos apoiadores do governo, uma barraca de cloqroquina, sendo distribuída pelo palhaço Bozo, vários bois vestidos de caipira, bandeiras do Brasil fazem a fogueira e um buraco no chão com diversos corpos.
Galvão/Folhapress

“Se Gabriela Pugliesi faz evento para beber suco verde, nós também podemos aglomerar para tomar caldo verde. Vai ter arraial, sim!”, diz Antônio Mendes, um dos idealizadores.

Para se adaptar à nova realidade, o evento passará por algumas alterações. Os shows serão transmitidos em lives, com as quais os cantores sertanejos estão acostumados, já que só fazem isso desde março. Mas os jogos e barracas serão adaptados ao “novo normal”.

A barraca do beijo se transformará na barraca do aceno. Por R$ 10, os participantes receberão o cumprimento de uma bela moça ou moço, respeitando o distanciamento social de dois metros.

O correio elegante seguirá as medidas de segurança de qualquer entrega delivery. As mensagens serão esterilizadas com água sanitária, o que tornará o processo um pouco menos elegante.

Na festa junina tínhamos a corrida do saco? Na festa pandenina os participantes mostrarão o que aprenderam na pandemia com a corrida pelo saco de papel higiênico. No lugar do pau de sebo, será o pau pelo último álcool em gel.

A quadrilha também será adaptada para os tempos de pandemia. Enquanto os participantes dançarem ao som de “fura a quarentena, iaiá”, o locutor falará ao microfone “olha a queda no número de infectados! É mentira!”, “olha a cura do coronavírus! É fake news!”.

Na festa pandenina será possível fazer brincadeiras com os próprios participantes. É o caso do rabo do burro, cujo objetivo é espetar o rabo em quem furar a quarentena sem necessidade, e o jogo cloroquina na boca do palhaço. O nome é autoexplicativo.

É lógico que o touro mecânico não vai ficar de fora. Na festa pandenina, o que não faltará é gado controlado para qualquer um montar. E, como toda festa junina, a cadeia será item obrigatório. Mas ninguém será preso. Só receberá uma nota de repúdio.

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