Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio
Descrição de chapéu

Se não bastassem a Covid-19 e os farialimers, SP foi dominada por mosquitos

Depois dos terraplanistas, antivacinas e olavistas, surgem os negacionistas de pernilongos

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O calor em pleno inverno trouxe mais um inconveniente para a cidade. Como se não bastassem o coronavírus e os farialimers, São Paulo foi dominada pela praga dos pernilongos.

Na primeira semana de setembro, a prefeitura recebeu milhares de reclamações para solucionar o problema do inseto. Mas, além das pessoas incomodadas com as picadas, nasceu um movimento que segue o caminho oposto.

Ilustração de um pernilongo segurando uma placa, na qual está escrito "O Brasil não existe"
Galvão Bertazzi/Folhapress

Depois dos terraplanistas, antivacinas e alunos de Olavo de Carvalho, surgiu um novo grupo que contraria a realidade: os negacionistas de pernilongos.

É o caso do vendedor Cláudio Peixoto, que se recusa a aceitar que os mosquitos existam. “É tudo uma mentira da OMS para espalhar o medo e nos aprisionar em mosquiteiros”, diz Peixoto.

Para os negacionistas de pernilongo, o inseto é uma invenção da indústria farmacêutica. “Fui no Hospital Albert Einstein e não vi ninguém reclamando de mosquito”, diz a administradora Lavínia Albuquerque. “É tudo para vender mais Off e Repelex.”

“Moro ao lado do rio Pinheiros e nunca tomei uma picada”, diz Lúcio Torres, que apresenta 238 picadas, só na testa. “É varíola”, rebate Torres, esquecendo que a doença foi erradicada há 40 anos.

Há quem defenda que o inseto seja criação da China para implementar o comunismo. “O zumbido dele transmite uma mensagem para o cérebro que faz a gente virar comunista”, conta Carlos Teixeira, que se sentiu mais comunista após a noite de domingo. “Inclusive, as raquetes de matar mosquito são chinesas. Coincidência? Acho que não”, reflete Teixeira.

O filósofo formado em astrologia Olavo de Carvalho afirmou em sua live que não há nenhum caso confirmado de picada de pernilongo. “Para confirmar, você precisa fazer exame em cada órgão da pessoa. Já acharam picada em estômago? E pâncreas? É o fim da picada”, disse o professor, que também não tem talento para trocadilhos.

Muitas vezes, a negação do pernilongo vem acompanhada de outras teorias conspiratórias, como o negacionismo climático e a crença na carreira de ator de Mario Frias. “Se pernilongo existisse, já teria
caído da borda da Terra plana”, diz o terraplanista Carlos Teixeira. Ao ser questionado sobre o pernilongo picando seu braço, Teixeira rebateu: “Essa é a sua opinião”.

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