Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio

Políticos da extrema direita agem como se estivessem no jardim da infância

Vitória, minha sobrinha de três anos, tem mais maturidade emocional do que conservadores

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Esta semana levei meus filhos para uma visita à casa da minha irmã. Vitória, minha sobrinha, não reagiu bem à notícia de não ser mais a única criança da família. Ao perceber que perderia seus três anos de estrelato para dois bebês, recolheu seus brinquedos, se trancou no quarto e desatou a chorar.

Precisou de alguns minutos de conversa para convencê-la a voltar à sala.

Nada fora do comum para uma criança de três anos. Mas não se pode dizer o mesmo da maturidade emocional dos políticos da extrema direita.

Tá certo que não foi uma semana fácil para os conservadores. Mas o que impressiona não é a sucessão de derrotas, mas a forma com reagem a elas. Nos faz pensar que não devessem contratar assessores, mas uma equipe formada por pedagogos do jardim da infância. Talvez a Supernanny tivesse mais sucesso na gestão de crises.

Ilustração de um homem vestindo terno e fraldas chorando com os braços cruzados no centro da imagem. Em cima dele, alguém segura um homem vestindo a mesma roupa e uma faixa verde e amarela no corpo, ele está balançando os braços e as pernas e está gritando. Em volta da cena, há uma arma, uma seringa, um boi, um avião, uma bandeira dos EUA, uma miniatura da Estátua da Liberdade, um globo terrestre, peças de brinquedo pegando fogo e duas pessoas gritando.
Galvão Bertazzi/Folhapress

Derrotado nas eleições, Donald Trump tentou impedir que a equipe de Joe Biden tivesse acesso a documentos para iniciar a transição. Com o mesmo equilíbrio, um garotinho birrento leva a bola embora quando percebe que vai perder o jogo.

Em São Paulo, o candidato Celso Russomanno, ao ver que seus números caem mais rápido que o nível de suas reportagens no Carnaval, resolveu censurar o Datafolha. Como se omitir os resultados da pesquisa mudassem o resultado. Um bebê que se esconde atrás da cortina, mas deixa o pé à mostra, é mais coerente.

Já Jair Bolsonaro conseguiu esgotar em apenas um dia seu arsenal de asneiras.

Chateado por não ter mais o Trump para brincar de "Siga o Mestre", o presidente comemorou uma morte como se a vida dos brasileiros fosse um jogo da Estrela. Em seguida, falou que somos "um país de maricas", mostrando que seu repertório de ofensas é mais limitado que o do Cebolinha da Turma da Mônica.

Para fechar o dia —porque a proatividade existe apenas quando é para fazer pirraça— chamou os Estados Unidos para a guerra, como criança tentando bater em adulto, dando soquinhos no ar com seus bracinhos curtos.

Perto desses homens feitos, minha sobrinha é o Dalai Lama do equilíbrio emocional. Negocia pelo buraco da fechadura e aceita sorvete como moeda de troca. Aliás, se Vitória se candidatasse a presidente, votaria nela sem pestanejar.

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