Esta semana levei meus filhos para uma visita à casa da minha irmã. Vitória, minha sobrinha, não reagiu bem à notícia de não ser mais a única criança da família. Ao perceber que perderia seus três anos de estrelato para dois bebês, recolheu seus brinquedos, se trancou no quarto e desatou a chorar.
Precisou de alguns minutos de conversa para convencê-la a voltar à sala.
Nada fora do comum para uma criança de três anos. Mas não se pode dizer o mesmo da maturidade emocional dos políticos da extrema direita.
Tá certo que não foi uma semana fácil para os conservadores. Mas o que impressiona não é a sucessão de derrotas, mas a forma com reagem a elas. Nos faz pensar que não devessem contratar assessores, mas uma equipe formada por pedagogos do jardim da infância. Talvez a Supernanny tivesse mais sucesso na gestão de crises.
Derrotado nas eleições, Donald Trump tentou impedir que a equipe de Joe Biden tivesse acesso a documentos para iniciar a transição. Com o mesmo equilíbrio, um garotinho birrento leva a bola embora quando percebe que vai perder o jogo.
Em São Paulo, o candidato Celso Russomanno, ao ver que seus números caem mais rápido que o nível de suas reportagens no Carnaval, resolveu censurar o Datafolha. Como se omitir os resultados da pesquisa mudassem o resultado. Um bebê que se esconde atrás da cortina, mas deixa o pé à mostra, é mais coerente.
Já Jair Bolsonaro conseguiu esgotar em apenas um dia seu arsenal de asneiras.
Chateado por não ter mais o Trump para brincar de "Siga o Mestre", o presidente comemorou uma morte como se a vida dos brasileiros fosse um jogo da Estrela. Em seguida, falou que somos "um país de maricas", mostrando que seu repertório de ofensas é mais limitado que o do Cebolinha da Turma da Mônica.
Para fechar o dia —porque a proatividade existe apenas quando é para fazer pirraça— chamou os Estados Unidos para a guerra, como criança tentando bater em adulto, dando soquinhos no ar com seus bracinhos curtos.
Perto desses homens feitos, minha sobrinha é o Dalai Lama do equilíbrio emocional. Negocia pelo buraco da fechadura e aceita sorvete como moeda de troca. Aliás, se Vitória se candidatasse a presidente, votaria nela sem pestanejar.
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