Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio

Bolsonaro ainda não sabe brincar de vaca amarela, até com governo em jogo

O presidente se enxerga próximo à categoria 'excelente', mas talvez precise entender o significado da palavra

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Em meio às mortes por falta de oxigênio em Manaus e campanhas pró-impeachment, Jair Bolsonaro mostrou que ainda não sabe brincar de vaca amarela, mesmo quando o futuro do seu governo está em jogo.

Nesta terça-feira, o presidente afirmou não poder dizer que é “um excelente presidente”, mas que está “cumprindo sua missão”. Sério, presidente?

Figura da Morte enrosca a língua em homem de terno que faz refeição sobre mesa com toalha estampada com a bandeira do Brasil
Galvão Bertazzi/Folhapress

É interessante que o senhor se ponha próximo à categoria “excelente”. Talvez precise entender o significado da palavra. Para ajudar, vou usar a escala “Obama-Hitler” de avaliação de presidentes. De um lado, temos Obama.

Um excelente presidente. Do outro, Hitler, um terrível estadista. Você está a anos-luz de Obama. Dá para concluir de quem está mais próximo?

É sério que está “completando sua missão”, presidente? Você mal consegue manter uma relação com a China. A China! Um país que acha OK perseguir monge budista. Tem ideia do quão desagradável precisa ser?

Agora sua equipe está procurando alguém para fazer a ponte com a China. Sério, presidente? Numa boa, presidente, sabe quem estremeceu as relações com os chineses? Alguém que falou daquele “outro país” com um “descrédito muito grande”. Dá um Google, caso não se lembre.

Você ainda tem dúvidas sobre sua avaliação como presidente? Sério, presidente? Deixa eu explicar. Segundo uma pesquisa da consultoria Quaest, João Doria viu sua popularidade crescer nos últimos dias.

Você imagina o esforço que precisa fazer para ser menos popular do que Doria? Até outro dia ele tentava empurrar ração humana para crianças nas escolas.

Você acha mesmo que está cumprindo a sua missão? Você perdeu dois ministros da Saúde em plena pandemia. Pôs um paraquedista no lugar, em uma clara piada com o brasileiro, que diz não negociar vacinas com a Índia por culpa do “fuso horário”. Sério, presidente? São oito horas de diferença. É tão difícil alguém acordar às oito horas da manhã para fazer um telefonema?

Você disse que a vacina é do Brasil, não de governadores. Sério, presidente? Você ainda está preocupado com quem vai levar o crédito? Porque se é para achar o dono das coisas, quando falamos de números, a gente já sabe na conta de quem vamos pôr as 211 mil mortes pelo coronavírus. É sério, presidente.

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