Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Flávia Boggio
Descrição de chapéu
casamento

Em vez de tirar o atraso, uma costela quebrada e a vida sexual escancarada

Mirei a Daiane dos Santos, acertei no Mr. Bean e acabei dando uma joelhada no meu marido

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

É fato que pouca gente gosta de expor a vida íntima. Por essa razão se chama vida íntima. Já diz o dicionário, o que é íntimo é privado, pessoal e particular. É tão íntimo falar da vida íntima, que o simples fato de falar a expressão "vida íntima" já soa íntimo.

Não foi o que aconteceu alguns dias atrás. Isso após um acidente doméstico, quando minha vida, digamos, íntima foi exposta a pelo menos uma dúzia de pessoas completamente estranhas.

O que levou a essa circunstância começou quando eu e meu marido nos tornamos pais de dois bebês gêmeos. Nossas atividades entre quatro paredes ficaram menos intensas comparadas às de um casal jovem, cheio de hormônios. A falta de prática também deixou minha flexibilidade e desenvoltura durante as performances entre quatro paredes nada acrobáticas.

Foi justamente quando tentei fazer uma mudança de posição apressada na nossa vida, como posso dizer, íntima, a ser exposta a uma dúzia de pessoas. Mirei a Daiane dos Santos, acertei no Mr. Bean e acabei dando uma joelhada na costela do meu marido.

A tirada de atraso virou uma ida ao pronto socorro com suspeita de costela quebrada ou, sabe-se lá, infarto.

Logo na triagem, a enfermeira tentou imaginar o acidente: "Mas ela tentou passar a perna e te chutou?". "Esquisito. Melhor encaminhar para o cirurgião."

Ilustração de uma carta de tarô com outras cartas do lado que ainda não foram viradas. A carta é 'The lovers' com duas pessoas e uma criatura vermelha com chifres na cena. Uma pessoa olha a outra que está toda machucada e se apoia em uma bengala, enquanto a criatura mostra um raio-x aos dois e diz 'ouch'.
Publicada nesta quinta-feira, 29 de julho de 2021 - Galvão Bertazzi/Folhapress

O cirurgião olhou para o teto, desenhando a cena mentalmente: "Mas uma joelhada não poderia quebrar uma costela. Vamos chamar o cardiologista?".

Cardiologista para o cirurgião: "Mas deixa eu entender, ela passou a perna por cima e deu com o joelho nele? Melhor ver com o ortopedista".

Ortopedista para cardiologista e cirurgião: "Deve ter sido uma baita pancada. Vamos fazer uma tomografia?".

Enfermeiro da tomografia, para outros enfermeiros, ao lado do cirurgião, cardiologista e do ortopedista: "Tudo isso por causa de uma joelhada?".

Diagnóstico: uma costela quebrada e nossa vida sexual escancaradamente compartilhada a uma equipe hospitalar.

Saímos pela sala, aliviados por nunca mais compartilhar nossa, digamos, intimidade, encontramos meu chefe ao lado da esposa: "Ela quebrou o pé jogando tênis. E vocês, o que estão fazendo aqui?".

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.