Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio
Descrição de chapéu

Voto impresso, orelhão e máquina de escrever: pela volta dos que já foram

Para comprovar fraudes nas eleições, Bolsonaro mostrou um vídeo de um astrólogo que já fez acupuntura em árvores

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No último domingo, manifestantes foram às ruas em algumas cidades para pedir pela volta do voto impresso.

Os protestos, que se iniciaram ainda pela manhã, contavam com participantes vestidos de verde amarelo. Alguns deles portavam cartazes pedindo intervenção militar, caso as eleições não fossem impressas e depositadas em uma urna transparente.

O próprio presidente Jair Bolsonaro apareceu por transmissão ao vivo, por meio de carros de som, dizendo que sem voto impresso não haverá eleições, em uma clara ameaça à democracia. Para comprovar, mostrou um vídeo de um astrólogo que já fez acupuntura em árvores denunciando supostas fraudes nas eleições.

Aproveitando as manifestações por algo extinto há décadas, algumas pessoas se juntaram ao movimento para exigir a volta de outros utensílios e métodos aposentados.

Foi o caso de Cleusa dos Santos, que carregava o cartaz "Sangria para todos", protestando pela ampliação do tratamento terapêutico que faz pessoas sangrarem. "Fizeram sangria para curar a pneumonia do meu bisavô e ele sobreviveu. Então só pode dar certo", falou a dona de casa.

Ilustração de uma vaca vestindo uma camiseta amarela e verde telefonando em um orelhão. Ela diz: Bom dia, senhora! Quer fazer parte dum grupo de ligações telefônicas de ultra direita?. Na parede próxima ao orelhão, há cartazes pendurados e um deles com o anúncio "Curso de datilografia mderna". No fundo, há uma loja com o aviso "Fichas aqui".
Publicada nesta quarta-feira, 4 de agosto de 2021 - Galvão Bertazzi/Folhapress

O contador Roberto Sabino foi às ruas com o cartaz "Pela união dos lixos", contra a separação dos lixos reciclados e orgânicos. "Há séculos misturamos os lixo, porque temos que fazer diferente?", questionou o manifestante. "Estou cansado da minha mulher brigar comigo porque não consigo separar a embalagem de detergente das cascas de frutas".

"Olivetti já!", gritava o motorista Paulo dos Santos, protestando pela volta da máquina de escrever. "Depois do voto impresso, agora é hora de lutar pela datilografia conservadora. Chega de computadores, queremos a volta da máquina de escrever!", reclamava o motorista, que foi demitido porque se recusou a aprender a usar o Word.

Já o manifestante Leandro Sabino se juntou ao grupo de manifestantes gritando "Celular é coisa de bicha! Pela volta do orelhão com ficha!", pedindo o antigo telefone público. "Só com orelhão eu sei que estou ligando realmente para quem eu quero ligar", questionou Sabino. No final da manifestação, pediu o celular emprestado a um amigo para chamar um motorista pelo aplicativo.

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