Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio
Descrição de chapéu

Comentaristas da Jovem Pan News são uma Liga da Justiça das trevas

Linha conservadora deixa claro que o canal deveria se chamar TV Velho Hétero, pois não tem nada de jovem, nem de pan

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Com problemas técnicos, gritaria nos debates e "tiozões do zap" disfarçados de comentaristas, a nova emissora de TV da Jovem Pan, a JP News, mostrou que continua fiel ao padrão de qualidade que mostra no rádio.

A linha editorial, alinhada aos conservadores, também confirmou que de jovem a emissora não tem nada. Nem de pan. Deveria se chamar TV Velho Hétero.

Ilustração representando um homem com aspecto de zombie, saindo de dentro de uma televisão e vomitando em cima dos espectadores, que se encontram numa sala de estar
Ilustração publicada em 24 de novembro de 2021 - Galvão Bertazzi

A cada anúncio de novo contratado, o novo canal prova que não existem baixas expectativas que não possam piorar. Tirando alguns nomes que deveriam receber um extra por insalubridade, o casting de comentaristas é um dream team das trevas. Um "We Are the World", mas com pessoas que querem o mal dos outros. Se dessem carta branca para a DC fazer uma Liga da Justiça só com vilões, a Liga da Injustiça, os roteiristas não seriam tão criativos como a JP News.

Nesse "Big Brother" do negacionismo, a lista de convocados contempla nomes como Caio Coppolla. Por não ter emplacado um hit quando era um roqueiro indie, o ex-músico resolveu descontar nos brasileiros pensamentos como "morrem mais americanos engasgados por ano do que de Covid". Por causa dele, seus colegas de CNN pulavam fora do programa "Grande Debate" como se fosse um prédio em chamas.

Alexandre Garcia usou o argumento empoeirado do "direito de ir e vir" para criticar o isolamento na pandemia. Disse que jovens não precisam ser vacinados e defendeu o tratamento precoce, declaração que levou à sua demissão na CNN, o que, como ele mesmo provou, precisa de um certo esforço.

O comentarista José Carlos Bernardi, na semana passada, sugeriu, como plano para tirar o Brasil da crise, "matar um monte de judeus e se apropriar do poder econômico deles". Foi exonerado do seu cargo na Assembleia Legislativa de São Paulo, mas continua com seu quadro de "opinião".

Nenhuma surpresa para uma emissora de TV que contratou, também como comentarista, Ricardo Salles. Investigado por favorecer madeireiras, o ex-ministro do Meio Ambiente foi responsável por alguns dos maiores desastres ecológicos da história, além do desmonte da fiscalização ambiental. Talvez a nova Jovem Pan News queira fazer o que Salles não fez pelo meio ambiente e mostrar como se recicla lixo.

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