Flávia Boggio

Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

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Flávia Boggio
Descrição de chapéu

Eleitores de Bolsonaro não pedem a volta da ditadura, mas da picadura

Bom soldado precisa conseguir, em qualquer circunstância, hastear a bandeira

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Aviso: Esta coluna foi escrita por alunos do quinto ano do ensino fundamental. A Folha não se responsabiliza pela qualidade das piadas e dos trocadilhos.

ROLÂNDIA – As Forças Armadas aprovaram a compra de mais de 35 mil cápsulas de um medicamento usado para disfunção erétil, popularmente conhecido como Viagra. O Exército ainda teria gasto R$ 3,5 milhões em próteses penianas infláveis, também usadas para impotência sexual.

Na ilustração de Galvão Bertazzi, um soldado brasileiro tem uma ereção enquanto segura uma bandeira do Brasil em riste. Na bandeira, o costumeiro círculo azul é substituído por um azul no formato de uma comprimido de VIAGRA onde vemos escrito "FÁIZER". Ao fundo uma chuva de comprimidos de VIAGRA e um batalhão de soldadinhos batendo continência, todos tendo ereções.
Publicada nesta quarta-feira, 14 de abril de 2022 - Galvão Bertazzi

Agentes oficiais se defenderam, alegando que as pílulas azuis seriam usadas para o tratamento de outras doenças.

"O medicamento será usado para tratar síndrome de hipertesão, digo, hipertensão", diz o Tenente Davi Agra, responsável pelas negociações. "Trata-se de uma doença que afeta a circulação palmonar, digo, pulmonar."

Outros oficiais defendem que a aquisição ajudaria a manter as Forças Armadas. "Precisamos cuidar dos membros do Exército, todos os membros", afirma o General Décio Pinto. "Um bom soldado precisa ter aptidões básicas como conseguir, em qualquer circunstância, hastear a bandeira e armar barraca."

"Depois de pintarem tantos meios-fios de calçadas, os oficiais precisaram resolver o problema das meias-bombas", alegou o cabo Armando Poko, enquanto almoçava uma picanha ao alho. "Foram inúmeras transações fracassadas. Precisávamos de algo de alta penetração", completou o oficial, que batalha para subir a patente.

"O que queremos é promover o bate-bola para colocar a cabeça dos soldados no lugar. As duas cabeças", defende o coronel Balan Sarrola. "Tem que trabalhar duro e ser pau para toda obra."

A compra é defendida até por eleitores de Bolsonaro. "Uma coisa é o cidadão morrer de Covid. A outra é o Exército apresentar baixa entre os membros", diz o contador Oscar Aglio. "Vocês acham que defendemos a ditadura, quando, na verdade, o que queremos é a volta da picadura."

"Só assim para o governo aprovar uma grande compra da Pfizer", comemora o tenente Davi Agra. "A transação do Exército seria aprovada até pelo general Pauzuerio, digo, Pazuello", corrige.

Após ser questionado sobre a falta de medicamentos nas unidades de saúde, o tenente rebateu: "Tô sem saco para continuar a entrevista".

Ainda não há dados sobre o resultado do tratamento. Até a conclusão desta coluna, dura só permanece a vida do cidadão brasileiro.

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