Gabriel Kanner

Presidente do Instituto Brasil 200, é formado em relações internacionais na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

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Como a gestão privada do Ibirapuera irá revolucionar o parque

Parque terá novo complexo esportivo, hub tecnológico, restaurantes e shows

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Sob gestão privada desde outubro de 2020, o Parque Ibirapuera passa por grandes transformações que mudarão completamente a experiência dos visitantes

O Parque Ibirapuera ocupa um lugar especial no coração dos paulistanos. Muitos são frequentadores assíduos do parque há décadas e, mesmo os que não são, nutrem um carinho pelo parque mais conhecido e emblemático da cidade.

Eu mesmo nunca frequentei o parque semanalmente, mas foi lá que aprendi a andar de bicicleta com meu pai na década de 1990. Muitos escolhem o Ibirapuera como cenário para fotos de casamento. E quem nunca recebeu alguém de fora da cidade e, ao rodear o Monumento às Bandeiras, exclamou, apontando para a direita, “esse é o Parque Ibirapuera!”?

Nos acostumamos a vivenciar o parque da forma como ele sempre foi, sem nenhum grande atrativo e praticamente sem nenhum serviço. Achávamos bom porque era o que conhecíamos. E agora, vendo as transformações sendo promovidas pelos novos gestores do parque, é difícil pensar como demoramos tanto tempo para iniciar esse processo.

O Ibirapuera é como aquela garota que você via todo dia de uniforme no colégio e achava legal, mas absolutamente comum. Porém, quando a viu pela primeira vez arrumada em uma festa, levou um susto. “Como eu nunca tinha reparado nela?” Agora sim, com gestão privada e arrumado para a festa, o Ibirapuera poderá atingir seu potencial.

A Urbia, empresa do Grupo Construcap, venceu a concessão do Parque Ibirapuera pelo período de 35 anos. O projeto prevê R$ 180 milhões de investimento no parque, sendo R$ 100 milhões já nos primeiros três anos. A agência Innova - All Around the Brand é o braço de marketing e captação do projeto e foi responsável, desde o início, por boa parte de sua concepção. Os gestores revelam que o Ibirapuera trará o que há de mais moderno nos parques do mundo todo.

Segundo Alexandre Carmona, sócio-diretor da Innova, “a ideia é transformar completamente a experiência do parque. Você poderá chegar de manhã e estacionar com facilidade, tomar um café na padaria, fazer seu esporte preferido, tomar um banho com todo o conforto nos vestiários equipados com lockers, trabalhar no co-working com internet de alta velocidade, almoçar em um dos restaurantes, ver uma exposição internacional à tarde e ainda assistir a um show à noite. Será possível passar o dia todo no parque”.

Começando pelo principal DNA do Ibirapuera, o complexo esportivo do parque está sendo inteiro reformado. Dê adeus àquelas quadras de basquete e futsal com as grades enferrujadas, tinta verde desbotada e sem rede nos gols. O parque terá quadras, pistas de corrida, ciclovia e um hub funcional revitalizados. Os banheiros também estão sendo reformados e terão espaço com vestiário e lockers para guardar os pertences. Além disso, está sendo negociada a entrada de uma academia no parque.

O pólo gastronômico também trará diversas novas opções aos visitantes. Até então, o parque contava com duas lanchonetes ou com os vendedores ambulantes para alimentação. Agora, estão sendo negociados quatro restaurantes premium e nove lanchonetes. Além disso, um espaço patrocinado pelo iFood terá outras seis opções de gastronomia. O iFood também instalará mobiliários com Wi-Fi para piquenique, onde as pessoas poderão fazer um pedido pelo aplicativo e recebê-lo dentro do parque. Outro patrocinador é a Ambev, que assume a venda de todas as bebidas do parque. Bebidas alcoólicas serão permitidas apenas dentro dos restaurantes ou em espaços delimitados para eventos.

Os pilares de responsabilidade social e sustentabilidade compõem parte importante do projeto. Os tradicionais vendedores ambulantes do parque faziam parte de duas cooperativas, mas não havia qualquer organização ou padronização. Cada um comprava de um fornecedor diferente.

Agora, além da padronização dos equipamentos, o projeto irá transformar os vendedores em micro-empreendedores (MEI) e instalar um centro de distribuição para atendê-los com eficiência e reduzir seus custos. Os novos gestores do parque também pretendem reduzir drasticamente os resíduos gerados, fazendo do Ibirapuera o parque mais sustentável da América Latina através do projeto Aterro Zero.

Por fim, o eixo cultural do parque, que hoje é muito mal aproveitado, terá uma intensa programação diária para atrair diversos tipos de público. A OCA terá exposições o ano todo, com três blockbusters por ano. O auditório, até então utilizado apenas para música, terá agora peças de teatro e dança, além de cinema a céu aberto e shows para até 15 mil pessoas na parte externa. O Pavilhão das Culturas Brasileiras (Pacubra) será um centro de inovação e empreendedorismo, com até uma incubadora para acelerar startups.

O Parque Ibirapuera é o exemplo mais claro e atual de como a iniciativa privada é capaz de extrair muito mais valor de qualquer empreendimento se comparada ao setor público. Nenhum dos argumentos falaciosos proferidos por aqueles que se opunham à concessão se sustentou. O parque continuará sendo gratuito e totalmente democrático, mas agora com inúmeros serviços de qualidade aos quais os visitantes terão acesso. Que o caso do Parque Ibirapuera sirva de exemplo para diversas outras concessões ou privatizações no país inteiro. Esse é o Brasil do futuro.

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