Gabriel Kanner

Presidente do Instituto Brasil 200, é formado em relações internacionais na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

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Sete de setembro, o STF e o povo

Com o agravamento da briga entre os Poderes, resta saber qual será a solução para a crise institucional

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O Brasil vive um momento conturbado e incerto. A queda de braço entre o Executivo e o Judiciário parece não dar sinais de trégua, e agora se inicia uma paralisação de caminhoneiros em diversos estados. Ainda não se sabe a extensão dessa possível greve no abastecimento país afora. O Congresso, por meio de Arthur Lira (PL-AL), sinaliza que atuará para baixar a temperatura e colocar panos quentes na crise institucional.

O presidente da Câmara não dá nenhum sinal de que pretende abrir um processo de impeachment, como pedem os partidos de oposição. Diante deste cenário, é importante entender a mensagem que o povo comunicou de forma clara nas manifestações do dia 7 de Setembro, e encontrar uma saída que coloque o país novamente no rumo do crescimento econômico.

Dois pontos ficaram evidentes após as manifestações no dia da comemoração da nossa independência: a (ainda) enorme capacidade de mobilização do presidente Bolsonaro e a insatisfação generalizada da população com nossa Suprema Corte.

O primeiro ponto é indiscutível. Mesmo com parte da imprensa tentando minimizar sua relevância, as manifestações que lotaram as ruas do país no dia 7 de Setembro foram impressionantes. A avenida Paulista, com 14 caminhões espalhados, ficou lotada. Em Brasília, nunca houve tanta gente ocupando a Esplanada dos Ministérios. A estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal é que 400 mil pessoas lotaram o coração da capital federal, algo sem precedentes em nossa história. Rio de Janeiro, Maceió, Belo Horizonte, Salvador e diversas outras cidades também tiveram protestos enormes.

Após tantos acontecimentos prejudiciais ao governo, como as ações do Supremo Tribunal Federal​, os ataques inesgotáveis da imprensa, a pandemia e a crise econômica, Bolsonaro continua com maciço apoio popular.

Também ficou clara nas manifestações a insatisfação da população com o STF. O principal grito ecoado pelas ruas do país foi “liberdade”, direito fundamental que vem sendo sucessivamente solapado pela mais alta corte do nosso Judiciário. Segundo um levantamento publicado pelo Correio da Manhã, desde 2019, o STF agiu 123 vezes contra o governo federal, seja pedindo o afastamento de Bolsonaro à PGR (março de 2019), dando poder a estados e municípios para descumprirem a legislação federal (abril de 2020), suspendendo nomeações do presidente (nomeação de Ramagem para a Polícia Federal em abril de 2020) ou investigando apoiadores do presidente por crimes que não existem (inquérito das fake news).

Temos, neste momento, jornalistas presos por crimes de opinião. É a primeira vez que vemos tamanho ativismo do Judiciário contra um governo.

A principal dúvida agora é: o que fazer daqui para frente? A corda já está esticada faz tempo, e uma ruptura institucional seria lastimável neste momento, principalmente para a população que mais está sofrendo com a crise econômica.

Há grupos que defendem a greve dos caminhoneiros como a única solução possível diante deste impasse. Discordo, e vejo com preocupação a mobilização dos caminhoneiros que parece ganhar corpo no dia de hoje.

Diante da grave crise que ainda atravessamos, o que mais precisamos neste momento é a retomada da economia. Uma interrupção no abastecimento do país agravaria ainda mais a crise e resultaria, inevitavelmente, no sofrimento da população, principalmente a mais pobre. O que nós precisamos é de bom senso do STF e de respeito à nossa Constituição. Pelo bem do povo brasileiro, a crise institucional precisa ser arrefecida. Que os ministros escutem a mensagem das ruas.

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