Gabriela Prioli

É mestre em direito penal pela USP e professora na pós-graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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Gabriela Prioli
Descrição de chapéu Folhajus

O monopólio do mimimi

O bolsonarismo ri do tombo alheio, mas chora pela simples possibilidade da queda

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Quem conhece essa nova direita brasileira (coitada da direita brasileira) sabe que uma estratégia adotada amplamente é a de deslegitimar qualquer reivindicação que parte de grupos oprimidos. No dialeto deles: o mimimi.

O discurso, alimentado por uma ideia deturpada de meritocracia, é que a reclamação é chororô e que quem realmente se empenha consegue superar qualquer dificuldade (e sem políticas afirmativas ou qualquer outro tipo de política pública).

É mimimi reclamar de racismo estrutural num país em que os negros estão sobrerrepresentados entre os que vivem abaixo da linha da pobreza, os jovens negros são as vítimas preferenciais da polícia e, no ano passado, as mulheres negras receberam 44,4% do salário dos homens brancos. Aliás, é mimimi discorrer sobre dados de violência contra a mulher no Brasil. Elas devem reclamar de estupro porque são tão feias que não merecem nem ser estupradas.

“Acuse-os do que você faz, chame-os do que você é.” A qualidade que o bolsonarismo atribui às demandas alheias é estratégia para confundir o espectador. Reclamam, na verdade, daquilo que enxergam internamente. No bolsonarismo, a reclamação sem legitimidade é estratégia para se eximir da responsabilidade.

Notem que a lógica do esforço pessoal não vale para eles mesmos.

Bolsonaro é o reclamão por excelência. Reclama de tudo como uma criança mimada. Chegou ao mais alto cargo da República e, dia sim, dia não, diz que não consegue fazer nada. Reclama do Congresso, da imprensa, do STF... Sempre tinha no bolso uma solução mágica que, coitado, não conseguiu implementar porque, na condição de Presidente da República, é o verdadeiro oprimido.

Mesmo num momento em que consensos são difíceis no Brasil, penso que podemos concordar que um presidente que não consegue fazer nada não é algo de que precisemos agora. Sugiro ouvirmos atentamente as confissões de Bolsonaro sobre a sua incapacidade para que possamos fazer melhores escolhas futuras.

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