Gabriela Prioli

É mestre em direito penal pela USP e professora na pós-graduação da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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Gabriela Prioli
Descrição de chapéu Folhajus

Ano novo, vida nova?

Existe vacina para proteger a democracia?

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Espero que o início de 2021 sirva para que finalmente tenhamos mais clareza em avaliar o risco democrático que se apresenta, e que essa clareza alcance também uma parcela daqueles que embarcaram nas promessas obviamente mentirosas do bolsonarismo. Volto a isso no final.

Durante a invasão do Congresso americano por extremistas de direita, Bolsonaro afirmou ter havido fraude na eleição americana e declarou que "se nós não tivermos o voto impresso em 2022, nós vamos ter problema pior que os Estados Unidos". A inclinação golpista de Bolsonaro não pode ser considerada uma surpresa: em março de 2020 ele declarou ter provas de que a eleição brasileira de 2018 foi fraudada --e não é a primeira vez que coloca em xeque o voto eletrônico.

Na esteira da clareza sobre a relevância da defesa da democracia, com seu desenho que impede a concentração excessiva de poder político, espero que tenhamos mais clareza também na discussão sobre a concentração de poder na esfera privada. O ano começou com muita gente que desconfia da iniciativa privada festejando aquilo que o excesso de poder viabilizou como resultado concreto: o silenciamento do presidente dos Estados Unidos. De outro lado, os mais ferrenhos entusiastas de uma iniciativa privada livre de qualquer amarra de um Estado que deveria quase sumir, bradando por mais controle vindo justamente do Estado. Concordo com a necessidade de que a intolerância seja silenciada para que sobreviva a democracia e defendo um debate responsável sobre regulação de mercado.

É preciso também que a preocupação dos democratas não se dirija apenas a como desligar os microfones —uma boa estratégia precisa pensar em métodos para esvaziar esses auditórios. Para isso, precisamos alcançar os ouvidos que sentam nas plateias do absurdo. Em termos menos poéticos: vamos ter que conversar com quem a gente não gosta. Ou fazemos isso ou seguiremos enfrentando anos não tão novos nas angústias que nos prometem.

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