Giovana Madalosso

Escritora, roteirista e uma das idealizadoras do movimento Um Grande Dia para as Escritoras.

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Giovana Madalosso
Descrição de chapéu ataque à democracia

Se só me restassem duas palavras: sem anistia

Se só me restassem três palavras: Bolsonaro sem anistia

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Se eu fosse cravar alguma coisa numa árvore, dentro de um coração: sem anistia.

Se eu tivesse que batizar dois cachorros: Sem e Anistia.

Se eu fosse uma atriz de novela: para aqueles salafrários, nenhuma anistia.

Se eu fosse uma atriz de filme pornô: oh, no, oh, no anistia!

Se eu fosse um barítono: SEM ANISTIA.

Se eu errasse no português: cem anistia.

Se eu fosse crente: Senhor, sem anistia.

Se eu nomeasse um planeta: 100 Anistia.

Se eu mandasse uma mensagem na garrafa: S.O.S.em anistia.

Ato em defesa da democracia no salão Nobre da Faculdade de Direito da USP - Eduardo Knapp/Folhapress


Para os terroristas que rasgaram a obra-prima de Di Cavalcanti a facadas, arrancaram do pedestal a bailarina de Brecheret, espancaram o cavalo inocente da polícia, quebraram as vidraças e cadeiras que nós vamos pagar, furtaram togas do STF, usaram uma picareta para arrancar pedras da Praça dos Três poderes, levaram documentos e HDs do governo: sem anistia.

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Técnicos verificam a tela "Mulatas", pintada em 1962 por Di Cavalcanti, que foi furada pelos golpistas durante invasão ao Palácio do Planalto - Gabriela Biló/Folhapress

Para os policiais do Distrito Federal que abandonaram a barreira e foram comprar água de coco enquanto os manifestantes invadiam o STF e, especialmente, para quem dava ordens a eles: sem anistia.


Para quem me fez perder a poesia no meio do texto: sem anistia.

Para os homens brancos que subiram a rampa do Planalto certos de que podem seguir cometendo impunes os crimes que os homens brancos cometem impunes nesse país há 500 anos: sem anistia.

Para a mulher que invadiu o STF com uma Bíblia aberta sobre a cabeça desrespeitando a crença de tantos milhões: um milhão de vezes sem anistia.

Para o homenzinho que mostrou a bunda sob a nossa bandeira e atestou que não há distinção entre o que vai no seu cérebro e no seu intestino: sem anistia.

Para os empresários e madeireiros que bancaram as viagens de ônibus e agora se escodem, como covardes que sempre foram, por trás dos rostos da massa de manobra: sem anistia.

Para quem faz pouco de uma democracia reconquistada com a saúde física e mental de 2.000 torturados e com a vida de mais de 500 mortos pela ditadura: sem anistia.

Para quem permanece no silêncio vexatório dos coniventes: sem a minha anistia.

Se só me restassem três palavras: Bolsonaro sem anistia.

E se eu te convidasse para repetir alguma coisa comigo?

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