Giuliana Vallone

É jornalista. Foi secretária-assistente de Redação da Folha e correspondente em Nova York

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Giuliana Vallone
Descrição de chapéu Copa do Mundo

Não se conhece alguém de verdade até um jogo da Copa

Não é só no campo, porém, que reside o mistério dos Mundiais

São Paulo

Passados 19 dias de Copa do Mundo da Rússia, não parece precipitado dizer que fomos, sim, todos surpreendidos novamente.

Alemanha eliminada na primeira fase, Espanha, nas oitavas, quase que merecidamente diante do pífio desempenho contra a Rússia, Japão abrindo dois gols de vantagem contra a Bélgica --neste caso apenas para criar marola e tomar a virada.

Cinco jogadores brasileiros erguem os braços em comemoração a vitória; um mexicano sai do campo, triste.
Ao fim do jogo, equipe brasileira comemora classificação para às quartas de final - David Gray/Reuters

Não é só no campo, porém, que reside o mistério dos Mundiais. Ao seu lado, discretas, estão as verdadeiras caixinhas de surpresas.

Palavrões que nem você conhecia proferidos pela sua avó, o colega de trabalho ranzinza se ajoelha na hora dos pênaltis, a amiga que você acreditava não saber nada de futebol grita um "Vai, Hulkão" (referência de 2014 aqui, pessoal), emocionadíssima.

Não se conhece verdadeiramente alguém até que se assista a uma partida de Copa do Mundo lado a lado.

Dez anos de relacionamento se passam sem que você tenha ouvido a voz que ele faz quando o Brasil marca num jogo sofrido --a mesma voz que os vizinhos escutaram quando o sujeito se debruçou na janela para gritar em comemoração à vitória na partida.

Ateus apelam para Deus (que juram ser brasileiro), boêmios prometem não beber por semanas, os tímidos berram, os durões choram, inconsoláveis. Os que detestam Neymar dão até apelidinho carinhoso na hora da emoção, e o tio do pavê que existe dentro de nós manda aquele alô para a galera.

Pode ser na alegria, na tristeza, na saúde ou na doença, riqueza, pobreza, o que for. Mas, se não tiver futebol, somos todos meros conhecidos.

 

Em tempo, já que segunda-feira foi dia de Brasil. Os detratores de Gabriel Jesus, a favor de Firmino titular, se esquecem de que o camisa 9 é essencial na estratégia da seleção.

Ele ataca, marca a saída de bola, tira a paciência dos zagueiros rivais e abre espaços na defesa adversária. Tudo isso com energia para defender o campo brasileiro --no jogo das oitavas, percorreu 9,9 quilômetros, atrás só de Casemiro, com 10,4 quilômetros.

Firmino, que é ótimo e marcou nesta segunda, encontrou um México já cansado --em parte, por Jesus. A ideia de que Tite não o torna reserva porque não gostaria de queimar o jogador não faz sentido. Bom técnico que é, não tira o 9 porque sabe de sua importância para o time. Agora, falta Gabriel fazer o dele (a Bélgica está aí para isso). Vai, Brasil!​

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