Gregorio Duvivier

É ator e escritor. Também é um dos criadores do portal de humor Porta dos Fundos.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Gregorio Duvivier
Descrição de chapéu

Bolsonaro é mistura entre Collor e Joe Exotic, de 'A Máfia dos Tigres'

O sujeito que está frequentando churrascos com seu jet ski tem algum tipo de transtorno mental

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Querido leitor confinado, que situação insólita a nossa. Caso você esteja surtando, tudo está dentro da normalidade. Caso esteja normal, sinto avisar que deve estar surtando. Os sinais estão trocados: antes, ficar trancado em casa denotava sociopatia. Hoje, sair de casa virou sinal de demência. Não é preciso fazer exame psicotécnico. O sujeito que está frequentando churrascos com seu jet ski tem algum tipo de transtorno mental.

Colagem com a foto de Jair Bolsonaro em um jet ski. No fundo vermelho, a imagem de várias covas abertas com cruzes brancas
Catarina Bessel/Folhapress

“Ah, mas isso é um preconceito.” Permita-me a “jetskifobia”, mas acredito que o sujeito que tem esse hobby já tem uma chance imensa de ser um imbecil. No meio de uma pandemia, essa probabilidade chega muito mais perto de 100%. Existem exceções, é claro. O segurança que passou seu domingo na garupa de Bolsonaro está constrangido, não tem culpa do chefe se comportar como um adolescente rico e sem amigos.

O último presidente que andava de jet ski foi Collor —e em sua defesa o mundo não estava no meio de uma pandemia. Supostamente patriota, autodeclarado caçador de marajás e alegando perseguição dos três Poderes (inclusive do próprio), Bolsonaro tem se revelado um Collor com dicção piorada —e menos respeito pela Constituição. Trocou o supositório de cocaína por um de cloroquina.

Bolsonaro está em algum lugar entre Collor e Joe Exotic, protagonista da série “A Máfia dos Tigres”. Peço desculpas pra quem não viu, mas tem muito a ver com nosso presidente. Ambos são youtubers armamentistas com mania de perseguição que odeiam fiscais do meio ambiente e sonham com a Presidência da República.

Supondo que a Record comprasse os direitos pra refilmar no Brasil, Jeff Lowe seria Moro, o sócio que fecha uma delação com a Polícia Federal e joga o parceiro na fogueira pra se limpar enquanto há tempo. Carole Baskin, é claro, é o PT: apesar de ter abraçado uma causa justa, será para sempre atormentada por suspeitas de um crime do passado. João Doria interpretaria Doc Antle, o Joe Exotic tucanado.

Apesar da evidente psicopatia, ou por causa dela, tanto Bolsonaro quanto Joe Exotic conseguem reunir um séquito de rejeitados com uma narrativa delirante e narcísica de perseguição.

Só consegui me identificar com os tigres. Assim como os felinos, estamos sedados, melancólicos e nas mãos de um demente. Pior do que estar confinado é perceber que as chaves da jaula estão nas mãos de um oligofrênico piromaníaco que não hesita em atear fogo às provas, mesmo que queime todo o mundo junto.

A morte anda a cavalo, dizia o faroeste. No Brasil, anda de jet ski —e dá cavalo de pau.

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.