Guilherme Boulos

Professor, militante do MTST e do PSOL. Foi candidato à Presidência da República e à Prefeitura de São Paulo.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Guilherme Boulos

Se o governo não faz, o povo arregaça as mangas

Com a omissão criminosa do governo, movimentos sociais fazem sua parte

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Economia ou vidas? Quando a formulação de um problema é malfeita, não existe boa resposta. Os países do mundo que melhor combateram a pandemia seguiram com rigor as medidas de isolamento e, ao mesmo tempo, asseguraram apoio econômico a cidadãos e empresas. Renda básica, pagamento do salário dos trabalhadores de setores atingidos e crédito subsidiado ao comércio e empresas que tiveram que suspender atividades. Assim salvaram vidas e empregos.

Aqui, reféns da demagogia criminosa do presidente, não salvamos nenhum dos dois. O Brasil é o epicentro da segunda onda da pandemia e temos 14 milhões de desempregados e o auxílio emergencial suspenso desde janeiro.

O flagelo da fome voltou a assombrar o país. O último levantamento do IBGE mostrou que 10,3 milhões de pessoas passavam fome já em 2018. O pesquisador Francisco Menezes, ex-presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, estimou que o número pode chegar a 20 milhões neste ano. É quase duas vezes a população da cidade de São Paulo com fome.

A inflação do preço dos alimentos tornou o cenário explosivo. No IPCA acumulado de 2020, o óleo de soja aumentou 103%, o arroz, 76%, a batata, 67% e a carne, 18%. E é difícil encontrar o botijão de gás a menos de R$ 100. As cenas de pessoas revirando o lixo em busca de alimentos e de famélicos nos semáforos com placas improvisadas implorando por comida tornaram-se rotina nas cidades brasileiras.

O governo é diretamente responsável por essa pandemia da fome. As políticas de segurança alimentar foram desmontadas no país. Em 2019, Bolsonaro fechou 27 armazéns públicos da Conab, cujos estoques tinham uma importante função reguladora dos preços de mercado. E o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que compra produtos da agricultura familiar para distribuição aos mais vulneráveis, amarga o pior orçamento da história. Basta um mínimo de empatia para sentir a dor de uma mãe que fica sem jantar para sobrar comida para os filhos. Bolsonaro passa longe desse sentimento.

Com a omissão criminosa do governo, os movimentos sociais fazem sua parte. Movimentos do campo, como o MST, organizaram doações de alimentos desde o início da pandemia. Na cidade, o MTST lançou o projeto das Cozinhas Solidárias, que distribuirá refeições diariamente em comunidades pobres de todo o Brasil. Serão 16 cozinhas até o fim de abril, financiadas por uma campanha de doações a partir de plataforma na internet. No último sábado, estive na inauguração da primeira, na Brasilândia, periferia de São Paulo. Em tempos tão duros é alentador ver iniciativas como essa. A solidariedade salva vidas.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.