Guilherme Boulos

Professor, militante do MTST e do PSOL. Foi candidato à Presidência da República e à Prefeitura de São Paulo.

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Guilherme Boulos

Green New Deal

Com Bolsonaro e Ricardo Salles, Brasil está hoje na vanguarda do atraso

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O alarme de incêndio já soou, mas não são poucos os que insistem em seguir espalhando combustível em vez de apagar o fogo. Se o mundo não zerar as emissões de carbono e outros gases de efeito estufa até 2050, segundo o IPCC, poderemos atingir um ponto de virada em que os efeitos do aquecimento global serão irreversíveis.

O Brasil está hoje na vanguarda do atraso. Com Bolsonaro e Ricardo Salles, vimos as queimadas e o desmatamento serem premiados, fiscais que punem mineração ilegal em terras indígenas serem demitidos e a "boiada" passando com o desmonte das regulações ambientais. No episódio mais recente, na semana passada, a Câmara aprovou a dispensa de licenciamento ambiental para uma série de atividades econômicas e o bizarro licenciamento por autodeclaração.

Num país que vive há pelo menos três décadas um processo de reprimarização da economia —cada vez mais dependente de soja, carne e minério de ferro—, o desmonte da proteção ao meio ambiente serve sobretudo para ampliar fronteiras agrícolas. A agroindústria representa cerca de 25% do total de emissão de gases de efeito estufa.

Além do negacionismo em relação às mudanças climáticas, o argumento que une um pária como Salles às petroleiras internacionais é o de que a preservação ambiental e o carbono zero iriam bloquear o desenvolvimento econômico, ameaçando o trabalho de milhões de pessoas. Ou ainda reduzir a produção de alimentos, gerando escassez. Utilizam o falso antagonismo entre emprego e meio ambiente para mobilizar a opinião pública em favor de seus interesses.

O projeto do Green New Deal, encampado por Noam Chomsky e lideranças da esquerda mundial, aponta os caminhos para uma transição verde que, ao mesmo tempo, enfrente o aquecimento global e garanta condições de vida dignas aos trabalhadores.

A perda de postos de trabalho pela superação da indústria dos combustíveis fósseis pode ser compensada com a abertura de empregos ligados às fontes de energia limpas, em especial solar e eólica. A transição para um modelo agrícola baseado no cultivo orgânico e com medidas consistentes para evitar o desperdício massivo de alimentos --hoje em torno de 35%-- é inclusive capaz de melhorar a segurança alimentar e nutricional no planeta.

A gravidade da crise climática exige ousadia dessa geração. Ousadia de questionar um modelo de desenvolvimento que coloca o lucro acima da vida. De enfrentar poderosos setores da economia capitalista. O tempo é agora. O Brasil, por suas dimensões continentais, biodiversidade e potencial hídrico, tem as condições de --sem Bolsonaro-- estar à frente desse grande movimento pela vida.

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