Guilherme Boulos

Professor, militante do MTST e do PSOL. Foi candidato à Presidência da República e à Prefeitura de São Paulo.

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Guilherme Boulos

Adeus, 2021!

Vá em paz, levando tantas de nossas dores consigo

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Este foi o ano que começou com ensandecidos vestidos de vikings invadindo o Capitólio, nos EUA, para tentar reverter no grito a derrota de Trump.

Este foi o ano em que assistimos, com dor e impotência, a gente morrer por falta de oxigênio em Manaus, diante do descaso das autoridades.

Este foi o ano em que perdemos 425 mil brasileiros para a Covid e para a falta de vacina. O ano em que as famílias enlutadas tiveram como resposta o conselho acolhedor de pararem de "frescura e mimimi".

Este foi o ano em que a cultura brasileira perdeu Sergio Mamberti, Paulo Gustavo, Marília Mendonça, o jovem Mc Kevin, Agnaldo Timóteo, mestre Monarco, Tarcísio Meira, Paulo José. Seguirão sempre vivos na memória de sua arte.

Este foi ano da fila do osso em Cuiabá, dos gritos desesperados de um faminto entre os prédios de Brasília, da cena chocante de gente correndo atrás de um caminhão de lixo em Fortaleza. O ano em que o terceiro maior produtor de alimentos do mundo viu sua população padecer de fome.

Este foi o ano que termina com enchentes devastadoras no sul da Bahia, deixando milhares de desabrigados, cidades destruídas e gente morta sob as águas.


Que ano duro, caros amigos! Ano em que, por dentro ou por fora, sangramos todos. Mas, como diz a sabedoria vivida de Frei Betto, deixemos o pessimismo para tempos melhores. Falemos do inverno, mas não esqueçamos da primavera...

Este também foi o ano em que a maior liderança popular do Brasil teve, enfim, direito à justiça. Depois de condenado, preso e linchado publicamente, Lula viu seus processos serem sucessivamente anulados em 2021. E, com direitos políticos resgatados, entra 2022 como líder absoluto nas pesquisas presidenciais.

Este também foi o ano em que a CPI expôs ao vivo, para todo o Brasil, a desumanidade e os crimes de Bolsonaro na pandemia. Em que descobrimos que os adversários da vacina, no fundo, queriam lucrar com esquemas de compra de vacinas. O ano em que Bolsonaro termina na lona, com rejeição massiva da sociedade.

Este também foi o ano em que a América Latina nos trouxe bons ventos. O ano que agora termina com uma vitória retumbante de Gabriel Boric, da nova geração de esquerda, sobre a extrema-direita no Chile. E com uma linda multidão nas ruas de Santiago cantando "El Pueblo Unido", de Quilapayún.

Vá em paz, 2021, levando tantas de nossas dores consigo. E que anuncie um próximo ano de redenção para o Brasil. Logo poderemos começar a contagem regressiva até o dia em que estaremos livres da maior tragédia da história recente do nosso país. 2022 será o momento da virada. Nos encontraremos por lá. Boa passagem de ano a todas e a todos!

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