Helio Beltrão

Engenheiro com especialização em finanças e MBA na universidade Columbia, é presidente do instituto Mises Brasil.

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Quantas Sâmias fazem um Elon Musk?

Impacto social da deputada socialista comparada aos bilionários é pífio

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A deputada Sâmia Bomfim, do Partido Socialismo e Liberdade (sic), afirmou recentemente que "os bilionários não deveriam existir". É uma cópia ipsis litteris do discurso raivoso de Bernie Sanders, Elizabeth Warren e Ocasio-Cortez, radicais de esquerda americanos.

As motivações para a perseguição aos ricaços são variadas. Alega-se que os bilionários "ignoram as agruras dos pobres", que "investem em projetos fúteis, que "geram capital adicional na ciranda financeira", que sua acumulação de riqueza "prejudica os demais", que "enriquecem de forma fraudulenta", que "detêm poder indevido" etc.

Ao pintar todos os bilionários com esse contorno macabro, não surpreende que a extrema esquerda os condene como imorais. Ato contínuo, sugere-se a criação de impostos confiscatórios para extinguir sua fortuna e restabelecer a "justiça social".

Elon Musk está com os dois braços levantados para cima saudando a plateia; ele veste terno preto e camisa branca
Elon Musk durante evento do TED em Vancouver, no Canadá - Ryan Lash/Divulgação TED

É verdade que um ou outro ricaço deveu sua fortuna a favorecimentos obtidos a partir de "amigos" do Estado. O Brasil apresenta casos emblemáticos dessa malandragem. Porém, na lista da Forbes ou Bloomberg dos mais ricos brasileiros, figuram empreendedores que tiveram enorme êxito em gerar valor a despeito do Estado, que soterra sua atividade produtiva sob uma montanha de obstáculos, regulamentações, burocracia e impostos.

No mercado, o poder reside no consumidor, não no empresário. O consumidor é o rei, pois determina o que deseja consumir e quanto topa pagar. Aquele que serve melhor ao consumidor gera mais lucros. Tipicamente, os empreendedores inovadores entregam 30 a 40 vezes mais valor à sociedade do que embolsam para si ao final. E, antes de embolsar um real sequer, precisam primeiro colocar seu capital em risco, contratar pessoal, investir em máquinas e adquirir matérias-primas, visando suprir um produto bom e barato para as massas, que atenda necessidades preciosas.

É muito distinto do todo-poderoso poder político, baseado na coerção, que não precisa entregar um produto bem avaliado pelo cidadão. Muitas vezes é até o contrário. Por exemplo, o PSOL terá R$ 130 milhões de fundo eleitoral para a campanha deste ano, que poderiam suprir 27 mil famílias com o valor equivalente ao Auxílio Brasil. É dinheiro que saiu do bolso do povo e que teria sido usado de forma mais razoável caso a escolha fosse de cada um.

Em "Ação Humana", Ludwig von Mises explica que um imposto confiscatório sobre os bilionários pode deixá-los em uma situação marginalmente pior, mas o restante de nós é muito mais prejudicado. É um belo tiro no pé restringir a atividade dos empreendedores mais competentes em suprir as necessidades dos consumidores. O dinheiro confiscado deixa de ser utilizado para acumular mais capital, gerar mais renda, emprego e produtos demandados (ainda que estivesse aplicado no mercado financeiro, que indiretamente financia a atividade produtiva). A produção fica mais escassa, bens importantes se tornam inalcançáveis ao cidadão comum. E o poder migra do consumidor para os políticos.

Numa sociedade livre, pessoas de todas as faixas econômicas podem acumular riqueza ao longo do tempo. No Brasil, infelizmente, faz tempo que "o sucesso é uma ofensa pessoal", como diagnosticou Tom Jobim.

Sâmia não percebe que o iPhone com que tuíta, e tantos outros bens de consumo populares, são fruto da iniciativa, investimento e trabalho de bilionários. E que essa trajetória de sucesso criou milhões de empregos desde a árdua fundação dessas empresas. A deputada emula vilões do romance "A Revolta de Atlas", de Ayn Rand, no qual os mais produtivos na sociedade são invejados, odiados e perseguidos.

​Afinal, quantas Sâmias é preciso para ter o impacto social de um Elon Musk?

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