Helio Beltrão

Engenheiro com especialização em finanças e MBA na universidade Columbia, é presidente do instituto Mises Brasil.

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Helio Beltrão
Descrição de chapéu petrobras

Todos contra a Petrobras e os preços de mercado

Em ataque inédito, os três Poderes acentuam discurso eleitoreiro

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A Petrobras vem sofrendo ataque por todos os lados para reduzir na marra os preços dos derivados, principalmente diesel e gasolina. Mesmo o mais distraído brasileiro sabe que é por motivos eleitoreiros.

O presidente Bolsonaro tem perseguido a Petrobras ao intimidar sua diretoria, trocar seus presidentes, ameaçar com a sugestão de uma CPI e usar continuamente seu "soft power" para emparedar a empresa.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, ameaçou majorar impostos e alterar a Lei das Estatais para permitir maior ingerência política sobre a empresa.

Posto de combustível na zona leste de São Paulo vende o litro do óleo diesel mais caro do que o da gasolina - Rivaldo Gomes/Folhapress

Até o ministro André Mendonça, do STF, entrou no bullying, determinando que a Petrobras preste minuciosas explicações sobre os critérios adotados para a política de preços da empresa, que deverá incluir relatórios, atas, gravações etc. E cobrou a Petrobras sobre sua "função social", determinando que a Agência Nacional do Petróleo e o Cade apresentem informações sobre como estão fiscalizando a empresa.

O maior inimigo dos intimidadores oficiais é a política da Petrobras, que mantém certo grau de paridade com os preços internacionais dos derivados (a "PPI"). Quando o preço dos derivados sobe lá fora ou quando o dólar sobe por aqui, no fim do dia a Petrobras reajusta os preços. E deve ser assim, como expliquei neste espaço no ano passado.

Caso os preços sejam determinados por burocratas tupiniquins desprezando as cotações do mercado internacional, haverá desabastecimento, desorganização do setor, prejuízos bilionários aos acionistas e credores da Petrobras e responsabilização legal dos administradores. Para piorar, não há garantia de que o consumidor pagará menos. O mercado é mais poderoso que os filhotes de Sarney e Mercadante.

Quanto mais besteira faz a turma do tabelamento, mais sobe o dólar pela fuga de investidores e, consequentemente, mais caros ficam gasolina e diesel. É o que tem ocorrido. São campeões de pontaria em tiro no pé.

Sua narrativa é que a Petrobras está sendo malvadona, lucrando à custa do brasileiro. A prova do crime estaria no crescimento do lucro neste primeiro trimestre, de R$ 44 bilhões (ante R$ 1 bilhão no mesmo período de 2021).

Comentadores na mídia têm embarcado em uma falaciosa tese dos tabeladores: a) que o aumento dos lucros da empresa é responsável pelo aumento dos preços de derivados, b) que a carestia da gasolina e diesel é o principal causador da inflação brasileira, e c) que a Petrobras quer acabar com o país em razão de sua ganância desenfreada. A conclusão conveniente é que a empresa merece ter seus lucros e preços tabelados.

Nada se menciona sobre o preço internacional do petróleo, principal motor de receita da empresa, que subiu de US$ 61 para mais de US$ 100 o barril nesse período. Ou que os preços do diesel e da gasolina subiram ainda mais no mercado externo. Ou mesmo que os preços na bomba por aqui não são diferentes do que pagam os cidadãos do demais países, na média. Nem uma menção tampouco às injeções monetárias, pelo Fed e pelo BC, principais causadores da inflação em dólar e em real, respectivamente. E, claro, nem uma palavra sobre as consequências desastrosas no tabelamento de derivados da era PT.

Finalmente, é prova de oportunismo que os tabeladores de hoje adoravam a PPI quando o petróleo caiu e permaneceu abaixo de US$ 40 durante março, abril e maio de 2020. O problema agora é que a PPI atrapalha sua reeleição.

A alta dos derivados e dos lucros induz a volta dos investimentos na cadeia do petróleo, que até este ano era considerada vilã pelos apóstolos do ESG do mundo todo. O crescimento da produção de derivados é o caminho mais curto para preços menores. Convém deixar a Petrobras em paz para cumprir o que prevê seu estatuto: produzir, refinar e comercializar petróleo e derivados.

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