Helio Mattar

Diretor-presidente do Instituto Akatu, foi secretário de Desenvolvimento da Produção do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (1999-2000).

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Helio Mattar

Sonho, memória do futuro

Um novo pacto do homem com a natureza: um renascimento na era pós-pandemia

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Planeta milagroso, casa perfeita, lindas formas, harmonia de cores. O ser humano quer mais. Sempre insatisfeito, o ser humano quer mais.

Mais conforto, mais sabor, mais velocidade, mais informação, mais diversão. Sonhou o futuro. E não apenas sonhou, construiu o futuro que queria.

Inconsciente de sua força, arrogante, orgulhoso e sem remorsos, destruiu a natureza. Cérebros eletrônicos e almas mecânicas. Ignorante de seus limites, o ser humano se perdeu de si próprio.

Humanamente, esqueceu-se da busca pela felicidade. Dissolvido no consumo, desumanizou-se. Amedrontado, afundou no lodo espesso do trabalho sem fim, fugindo para o futuro. Hedonista, escravizado pelo mestre ilusionista que acenava com a satisfação imediata pelo consumo, buscou a felicidade onde não a encontraria. Surpreso, não a encontrou.

Pouco a pouco, foi tragado pela areia movediça dos desejos insatisfeitos, pleonasmo do qual não se deu conta. Órfão de sentido de vida, busca-o em vão nas pílulas da felicidade do consumo. E aprofunda sua insatisfação.

Pasmo, indaga-se: progresso?

Memória do futuro: emociona-se. Sente dor, alegria e compaixão. Consciente de sua frágil mortalidade, aprofunda-se na sua humanidade pelo exercício do espírito. Convive respeitosamente com a natureza, seu semelhante. Vive simplesmente e se alimenta de estar realmente presente na sua própria vida, longe da inesgotável ansiedade do querer bem materiais.

Apenas o humano, o genuinamente humano, lhe oferece saída. E recupera seu sonho: reinventa-se longe das coisas, no acolhimento dos afetos, no calor das amizades, na expressão dos sentimentos, no cuidar dos amores, no revelar do mundo pela arte.

Reinventa seu consumo, instrumento de bem-estar e não um fim em si mesmo. Consome para viver, não vive para consumir.

Apenas o humano, o genuinamente humano, oferece-lhe saída. Compassivo, empático, generoso: utopia do renascer humano. Mais sábio por se saber natureza, renasce “akatu”, semente boa para um mundo melhor, eternizando-se no bom e no belo.

E vive intensa, aventurosa e apaixonadamente sua reconciliação: ser humano com a sua humanidade e com a natureza. Finalmente livre.

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