Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman
Descrição de chapéu stf operação lava jato

Supremo em guerra 

Ministros se embrenham numa miniguerra civil para ver prevalecer suas posições pessoais

Sessão do Supremo Tribunal Federal realizada em outubro de 2017
Sessão do Supremo Tribunal Federal realizada em outubro de 2017 - Pedro Ladeira - 11.out.17/Folhapress

As brigas entre juízes do STF nunca me incomodaram. Prefiro a transparência à falsa cordialidade escondida por trás dos “vossas excelências”. Receio, porém, que as desavenças entre os ministros, que têm um pouco de doutrinário, algo de pessoal e muito de político, tenham atingido um grau tal que estejam prejudicando o papel institucional da corte.

Dos três Poderes da República, o Judiciário é o menos comprometido pela crise. Enquanto a Presidência e o Congresso são objeto de desconfiança de 65% dos brasileiros, o STF é reprovado por mais modestos 35% (Datafolha, junho de 2017).

É a corte, portanto, a instituição mais bem posicionada para produzir os consensos mínimos para que o país supere a crise política. Não é uma missão estranha ao STF, a quem cabe não apenas a guarda da Constituição mas também oferecer à sociedade a segurança jurídica de que ela precisa para funcionar. As relações entre os ministros, contudo, assumiram uma dinâmica que os torna não apenas incapazes de proporcionar a estabilidade como os faz gerar ruídos desnecessários.

Num momento em que os magistrados deveriam agir coletivamente para fortalecer a instituição e fornecer ao país pontos de referência minimamente sólidos, eles se embrenham numa miniguerra civil na qual se utilizam de toda sorte de estratagemas para ver prevalecer suas posições pessoais. Dão a sensação de que não irão desistir até que saiam vitoriosos, o que é o exato contrário do que se espera de um órgão concebido para pacificar conflitos.

Não estou afirmando que os ministros devam ignorar diferenças de entendimento jurídico e político, que são perfeitamente legítimas. Mas eles precisam aceitar que às vezes se ganha, às vezes se perde e aí é preciso curvar-se à vontade da maioria e seguir em frente, sinalizando para a sociedade que as regras do jogo devem ser respeitadas.

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