Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Descrição de chapéu

A volta dos psicodélicos

Em livro, Michael Pollan como essa classe de drogas passa por uma redescoberta

Michael Pollan, autor de 'How to Change Your Mind' (como alterar sua mente)
Michael Pollan, autor de 'How to Change Your Mind' (como alterar sua mente) - Fabio Braga - 4.ago.14/Folhapress
São Paulo

Símbolo da contracultura, drogas psicodélicas como o LSD e cogumelos poderão retornar em grande estilo. Há diversos grupos nos EUA pesquisando seu uso para tratar dependências, depressão e também para fazer com que pacientes terminais lidem melhor com a perspectiva da própria morte. Não dá para cravar que virá daí uma revolução na psiquiatria, mas os resultados iniciais são animadores.

Michael Pollan é quem conta a história de como essa classe de drogas foi de panaceia hippie a produto banido e agora passa por uma redescoberta que, espera-se, ocorra em termos mais equilibrados. Em “How to Change Your Mind” (como alterar sua mente), Pollan vai aos detalhes da batalha cultural em torno dos psicodélicos, conta como foram descobertos, propagandeados por Timothy Leary e proscritos, não sem antes ser cuidadosamente escrutinados pela CIA, que considerou transformá-los em armas de guerra.

No que diz respeito ao futuro, Pollan mostra como as pesquisas sobre o uso terapêutico dos psicodélicos avançam. É algo difícil, porque eles não funcionam como fármacos comuns. Não é uma droga que você vá tomar todo dia. Ao contrário, seu efeito é tão profundo e pode alterar tanto a forma de ver o mundo de uma pessoa que, em muitos casos, basta uma única dose para que o paciente aceite que vai morrer ou perca o interesse em continuar fumando.

A experiência pode ser boa ou ruim, trivial ou significativa, dependendo do setting em que ocorre e de como é conduzida. O ideal é que exista um guia experiente a dirigir a “viagem” e dar-lhe um significado terapêutico. Segundo Pollan, faz mais sentido falar em psicoterapia auxiliada por psicodélicos do que numa droga de prescrição. São características que tornam a tarefa de avaliar sua eficácia bem mais complicada, embora não impossível.

Como bônus, Pollan narra as experiências que ele próprio fez com LSD, cogumelo, sapo (5-MeO-DMT) e ayahuasca para escrever o livro.

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