Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

Uma década mágica

Em 'Tempo de Mágicos', Eilenberger esmiúça o pensamento e as vidas de quatro grandes filósofos

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Para quem gosta de filosofia e vê com preocupação o momento em que vivemos, recomendo “Tempo de Mágicos”, de Wolfram Eilenberger. O autor escolhe uma década, a de 1919 a 1929, e, a partir de seus eventos, esmiúça o pensamento e as vidas de quatro grandes filósofos: Walter Benjamin, Martin Heidegger, Ernst Cassirer e Ludwig Wittgenstein.

Explicar a obra entremeando-a com muita biografia é uma fórmula que está se tornando cada vez mais popular. A principal razão para isso é que ela funciona. Permite abordar as abstrações de sistemas de pensamento por vezes herméticos, dando-lhes enredo e ritmo de romance, especialmente no caso de filósofos que tiveram a vida atribulada.

O filósofo Walter Benjamin trabalha na biblioteca nacional de Paris, em 1937 - Adam Rzepka/Divulgação

O blend de Eilenberger é pesado. Entre seus autores, há dois que entram na lista dos mais difíceis da história da filosofia (Heidegger e Wittgenstein) —não que os outros sejam “fáceis”— e dois cujas biografias renderiam eletrizantes séries da Netflix (Wittgenstein e Benjamin).

Eilenberger consegue pincelar as ideias centrais de todos e colocá-las no contexto de crise civilizatória que afetava a Europa, notadamente a Alemanha, que fora derrotada na 1ª Guerra e caminhava para o nazismo. Mais improvável ainda, consegue mostrar terreno comum (ao menos na identificação de problemas) entre autores que hoje identificamos a tradições tão diferentes, que vão do existencialismo à filosofia analítica, passando pela Escola de Frankfurt e o neokantismo.

O que talvez seja mais frustrante em “Tempos de Mágicos” é que, ao concentrar a ação na década de 1919 a 1929, Eilenberger fala muito pouco de tópicos que nossas expectativas tratam como obrigatórios, como o nazismo de Heidegger e o suicídio de Benjamin.

Ninguém sairá da leitura de “Tempos de Mágicos” como especialista em “Ser e Tempo” ou no “Tractatus”, mas o livro funciona bem como uma introdução, daquelas que nos convidam a ler mais.

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