Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

A ciência do aprendizado

De vez em quando, disciplinas com sólido pedigree nas humanidades se aproximam das ditas ciências duras

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Não é todo dia que acontece, mas, de vez em quando, disciplinas com sólido pedigree nas humanidades passam por uma recauchutagem e se aproximam das ditas ciências duras.

Foi assim com a linguística. Até há pouco encravada nos departamentos de letras das universidades, a linguística se tornou uma ciência capaz de, no melhor estilo popperiano, produzir previsões falseáveis e que comporta sofisticadas análises estatísticas.

Algo parecido parece estar acontecendo com a pedagogia, e um dos responsáveis por isso é o neurocientista francês Stanislas Dehaene, autor cujos livros não canso de elogiar. O mais recente deles, "How We Learn" (como aprendemos), não é exceção.

SÃO PAULO, SP, BRASIL, 21-11-2020: Ilustração de Annette Schwartsman para a coluna de domingo do Helio (opinião A2)
Annette Schwartsman

O processo de "cientificização" da pedagogia não começou ontem. Já há algum tempo, por tentativa e erro e muita pesquisa de avaliação, compusemos um bom catálogo do que funciona melhor e pior na educação.

A novidade é que trabalhos como os de Dehaene agora permitem explicações mais fundamentais, no nível biológico, para esses achados. O autor destrincha cada pedacinho do cérebro para explicar, por exemplo, por que a alfabetização de uma criança não pode dispensar o ensino explícito do jogo entre letras e sons que caracteriza nosso sistema de escrita.

As elaboradas descrições neurocientíficas não afastam Dehaene da perspectiva da prática. Ele mostra, entre outras coisas, por que um ensino eficaz exige um pouco de decoreba (é preciso liberar espaço na memória de trabalho para resolver problemas) e muito sono (é com os sonhos que consolidamos as cognições).

Há espaço para alguns paradoxos: submeter o aluno a testes é importantíssimo, mas as notas são uma maldição (fazer provas ajuda a organizar o conhecimento, mas notas genéricas, que não detalham as deficiências apresentadas, funcionam muito mais como uma fonte de estresse do que como um sistema de "feedback" de erro, este sim fundamental).

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