Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

A biografia ou o cargo?

Não são poucos os que se curvam a despropósitos de chefes, como ocorre no governo Bolsonaro

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Já se depararam com o dilema Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello. Enfrenta-o agora Augusto Aras. E eu poderia ocupar o resto da coluna citando outros nomes. O dilema de que falo é: a biografia ou o cargo?

Mandetta e Teich poderiam ter conservado o emprego de ministro, se tivessem se dobrado às vontades de Bolsonaro. Preferiram não fazê-lo, salvando seu currículos como médicos e seres humanos. Pazuello optou pelo cargo, mas se meteu em tantos rolos que acabou ficando sem o posto e com a biografia arruinada.

É Aras, porém, quem será submetido ao teste de forma mais dramática. Ele tem de decidir se denuncia Jair Bolsonaro pelo crime de prevaricação, a essa altura já bem caracterizado, ou se poupa o presidente, como vem fazendo até aqui. Se opta pela denúncia, preserva a biografia, mas perde a recondução para o cargo. Se a engaveta, ganha um novo biênio como chefe ou quem sabe até vaga no STF.

Para quem olha de fora e não é um militante governista, parece óbvio que a biografia deveria valer mais do que um período breve de poder efêmero. Ainda assim, não são poucos os que se curvam a despropósitos de chefes. Como explicar isso?

Minha hipótese é que temos dificuldade para identificar questões morais e abordá-las com a gravidade que exigem. O mais comum é nem reconhecermos sua dimensão moral e as tratarmos como decisões ordinárias, não muito diferentes da escolha da cor das meias que usaremos.

Isso fica claro em experimentos como o do bom samaritano. Nele, seminaristas que haviam se preparado para falar sobre a parábola bíblica (e deveriam, portanto, estar propensos a ajudar o próximo) são em seguida colocados diante de um ator que lhes pede socorro. O que determina suas reações é basicamente a pressa: 90% dos seminaristas que achavam estar atrasados para um compromisso ignoraram os apelos; dos que acreditavam ter tempo, 63% ajudaram.

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