Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Bolsonaro não tem ambição de virar nome de rua

Depois que um lugar fica conhecido pelo nome, mudá-lo gera confusão

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Adorei a justificativa que Jair Bolsonaro deu para vetar o projeto de lei que batizava com o nome de João Goulart uma rodovia federal. “Busca-se que personalidades da história do país possam ser homenageadas em âmbito nacional desde que a homenagem não seja inspirada por práticas dissonantes das ambições de um Estado democrático”, fez estampar o presidente no Diário Oficial.

Se isso se firmar como jurisprudência, Bolsonaro assegura que seu nome nunca será dado nem a uma pinguela federal. Não há, afinal, nada mais “dissonante das ambições de um Estado democrático” do que o capitão reformado que trabalha incansavelmente para erodir as instituições e cujo governo trouxe enormes retrocessos em campos tão variados como meio ambiente, direitos humanos, educação, ciência.

Jair Bolsonaro e ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, riem enquanto presidente comenta em live semanal o aumento de depressão e suicídio na pandemia
Jair Bolsonaro e ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, riem enquanto presidente comenta em live semanal o aumento de depressão e suicídio na pandemia - Reprodução

O que eu gostaria de discutir hoje, porém, é o hábito de batizar logradouros públicos com o nome de indivíduos. Fazemo-lo por dois motivos, para homenagear pessoas que julgamos merecedoras e porque ruas e estradas precisam de um nome. É muito mais fácil nos referirmos a elas por meio de um designador rígido do tipo “rua Fulano de Tal” do que por descrições como “a via que liga a padaria do Zezinho ao ponto de ônibus perto da avenida”, que só locais seriam capazes de compreender.

Vivemos numa era polarizada em que até o passado é incerto. Antigos heróis tornam-se, da noite para o dia, vilões e vice-versa. Mas, se não há grandes custos em rever uma homenagem que passou a ser considerada indevida, a coisa não é tão simples no que diz respeito à função de referência. Depois que um lugar recebeu o nome de batismo e por ele ficou conhecido, mudá-lo gera confusão e desencontros. É só pensar na trabalheira que você tem para atualizar cadastros quando muda de casa.

Como nada indica que virão tempos mais tranquilos, minha sugestão é que utilizemos apenas números e nomes de coisas para batizar logradouros.

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