Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

Livro tenta explicar a crise da racionalidade

Nova obra de Steven Pinker é boa, mas dá a sensação de que o autor se repete

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“Rationality”, o novo livro de Steven Pinker, é bom, mas terminei a leitura com a sensação de que o autor já se repete. Esta, afinal, é a terceira obra em que o psicólogo cognitivo de Harvard tenta mostrar que o avanço da ciência e de outras instituições baseadas na razão está por trás de conquistas da humanidade, que está se tornando mais próspera, mais saudável, menos violenta e menos preconceituosa. O primeiro desses livros foi “Os Anjos Bons da Nossa Natureza” (2011); o segundo, “O Novo Iluminismo” (2018). Chega uma hora em que contar a mesma história com outras palavras se torna indistinguível de pregar só para os convertidos.

A ilustração, com um fundo de cor vinhho, apresenta em destaque uma guerreira aparentando meia idade, com cabelos cinzas, usando um vestido branco e uma coroa amarela. A guerreira também porta uma lança na mão na mão esquerda e um escudo na mão direita
Ilustração de Annette Schwartsman para a coluna de Hélio Schwartsman de 17.out.2021 - Annette Schwartsman

Desta vez, Pinker trocou a profusão de dados empíricos pelos fundamentos. Os nove primeiros capítulos de “Rationality” podem ser descritos como um manual de pensamento crítico com um anexo sobre probabilidade e estatística —mas o leitor não precisa temer o qui quadrado, pois Pinker fica só nos princípios gerais. Ele começa explicando o que são racionalidade e lógica e afirma que todos os seres humanos se utilizam delas, desde tribos de caçadores que rastreiam um animal até os anti-vaxxers que não deixam de tomar antibióticos. Seguem-se várias seções em que ele apresenta as falácias formais e as informais que corrompem nosso pensamento. Como Pinker escreve muito bem e sobra-lhe humor —há até uma piada em iídiche—, lê-lo é sempre prazeroso.

O filé mignon é reservado para os dois últimos capítulos em que o autor tenta explicar por que a racionalidade parece ser mais um dos muitos produtos em falta no mundo de hoje e por que seria importante tentar resgatá-la. Adianto apenas que estamos diante de um problema análogo à tragédia dos comuns. As pessoas, ao utilizar a razão com objetivos individualistas, como o de ganhar prestígio entre seus pares, acabam erodindo-a em sua dimensão coletiva, que é a que nos proporcionou os bons resultados.

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