Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Atrocidades dificultam solução negociada na Ucrânia

Qualquer desfecho em que Putin conserve o poder se torna inaceitável

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Ainda falta o carimbo de algum órgão investigativo, mas não creio que haja dúvida de que atrocidades foram cometidas na Ucrânia e de que tropas russas são responsáveis por elas. Se invadir um país soberano, expondo a população local aos riscos das operações de guerra, já é moralmente injustificável, muito pior é tolerar que as tropas perpetrem massacres ou mesmo utilizá-los deliberadamente para instilar o pânico entre civis. Se a última hipótese se comprovar, Vladimir Putin terá assegurado seu lugar na história como um dos grandes criminosos de guerra do século 21.

Corpos de residentes que teriam sido mortos por soldados russos em Bucha são enterrados em valas - Vladyslav Musiienko/REUTERS

As implicações da escalada são não só éticas mas também práticas. As imagens de valas comuns e corpos estendidos nas ruas dão impulso a um movimento pelo endurecimento das sanções contra Moscou. O próximo passo seria os países da União Europeia deixarem de comprar gás e petróleo russos. Seria uma medida economicamente dolorosa para as nações europeias, mas ainda pior para a Rússia, talvez afetando até sua capacidade de financiar a guerra.

A menos, porém, que as sanções levem a um colapso do regime, o que não parece um cenário iminente, os crimes contra civis tendem a prolongar e não encurtar o conflito. É que quanto mais as diferenças entre russos e ucranianos são descritas em termos morais, isto é, quanto mais viscerais ficam, mais difícil é chegar a uma saída negociada. Se já é complicado acertar-se com seu inimigo, muito mais é entender-se com alguém que você vê como um genocida, empenhado em destruir seu povo.

Isso vale também para o Ocidente. Pintar Vladimir Putin como monstro ajuda a justificar a adoção de sanções que prejudicam os próprios países que as impõem, mas dificulta, se não inviabiliza, um retorno ao "statu quo ante". Se Putin é o novo Hitler, é difícil imaginar Biden e os líderes europeus apertando a sua mão. Qualquer desfecho em que o autocrata conserve o poder se torna inaceitável.

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