Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman

Livro destrincha obsessão humana por histórias

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Qual é a história mais antiga do mundo? Não sabemos ao certo, mas há uma boa chance de que seja o relato de como um grande animal que era perseguido por caçadores acaba galgando aos céus, dando origem à constelação de Ursa Maior. Variantes do mito da Caçada Cósmica aparecem em várias tradições, tanto da Europa como da América do Norte, o que permite supor que a base da história já fosse repetida diante das fogueiras dos acampamentos antes mesmo de o homem atravessar a ligação terrestre que havia entre os continentes entre 28.000 e 13.000 a.C.

Pinturas rupestres na Serra da Capivara - Iderlan de Souza/Arquivo pessoal


Essa história consta de "The Science of Storytelling" (a ciência de contar histórias), de Will Storr, que pretende ser um manual de composição literária para alunos de cursos de escrita criativa. Não sei se ele funciona muito bem para fabricar escritores, mas devo dizer que é uma obra cativante para quem apenas tenta entender o fascínio humano por mitos, histórias e até fofocas.

Storr foi atrás dos achados na neurociência e da psicologia que de alguma forma dizem respeito a nosso apetite pela ficção e com eles montou uma peça muito interessante, que articula todos esses conhecimentos e os ilustra com passagens de obras ecleticamente variadas, que incluem desde a Bíblia hebraica e Shakespeare até "Ms. Dalloway" e jogos de computador.

Uma coisa que pelo menos para mim é novidade é que, quando nos envolvemos com uma história, entramos num estado mental que os psicólogos chamam de "transporte pela narrativa", no qual nossas crenças, atitudes e intenções se tornam mais suscetíveis a serem alteradas.

Histórias seriam, assim, um veículo privilegiado de aprendizagem e persuasão. Isso não está no livro, mas é algo que, se confirmado, reforça a ideia de que nosso gosto por histórias seria uma adaptação biológica, não apenas um efeito colateral de outras adaptações. Nossa obsessão para com a ficção seria parte irredutível de nossa humanidade.

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