Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Hélio Schwartsman

Necessidade de manter coalizão deve fazer prevalecer um Lula pragmático

A base tolera muito mais maus-tratos do que os aliados circunstanciais

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Candidatos presidenciais com chances reais de vencer evitam detalhar suas propostas de governo. Fazem-no para preservar espaço de negociação. Este ano, porém, devido ao caráter plebiscitário da disputa, os dois principais postulantes estão conseguindo desconversar muito mais do que o normal. Temos só ideias muito vagas do que Lula, o grande favorito, pretende fazer em questões tão vitais como disciplina fiscal e regulamentação do trabalho.

Minha aposta é que prevalecerá o Lula pragmático, com um ou outro aceno para a base à esquerda. Afirmo-o não por possuir poderes mediúnicos, mas por uma questão de cálculo político. Lula viu o que aconteceu com Dilma Rousseff. Sabe que precisará manter uma ampla coalizão no Congresso, e isso num contexto em que os poderes da Presidência foram bastante reduzidos.

Uma das leis da política é que a base tolera muito mais maus-tratos do que os aliados circunstanciais. A trajetória de Bolsonaro é a melhor prova disso. Ele traiu, uma a uma, suas três principais bandeiras de campanha. Prometeu uma agenda pró-mercado, mas detonou o teto de gastos; vendeu-se como candidato antissistema, mas virou a tchutchuca do centrão; jurou acabar com a corrupção, mas viu sua gestão e família enrolarem-se em vários escândalos. Apesar desse magnífico estelionato eleitoral, que veio em doses homeopáticas e não de uma vez só, como no caso de Dilma, Bolsonaro conseguiu manter grande parte de sua base de eleitores.

Trocando em miúdos, num contexto de grande polarização afetiva e fragmentação partidária, que é o nosso, não importa muito o que Lula faça que desagrade à esquerda, suas bases não têm alternativa que não a de seguir a seu lado. Já os aliados de ocasião dependem de um fluxo constante de validações para não romper a coalizão.

Não deixa de ser uma ironia da política que os agentes menos comprometidos com qualquer lado sejam os que mais detenham poder.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.