Igor Gielow

Repórter especial, foi diretor da Sucursal de Brasília da Folha. É autor de “Ariana”.

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Igor Gielow

Política tradicional aposta na 'batalha dos dez dias' na largada da disputa

Apocalipse nos mercados é normal, até porque sempre tem alguém ganhando dinheiro com isso

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A tensão eleitoral está mais palpável a cada dia que passa. Dólar pairando acima dos R$ 4, Bolsa nervosa, pesquisas inspirando previsões exageradas que vão do Apocalipse cristão ao Ragnarök nórdico.

O enredo em si não é novo, a começar pelo fato de que alguém está a ganhar dinheiro, mas desta vez há uma profusão de atores diferentes no filme —a começar pelo disruptivo Jair Bolsonaro.

Nas cúpulas das principais campanhas convencionais, em especial a de Geraldo Alckmin (PSDB), os dez primeiros dias de propaganda gratuita que começa na semana que vem serão determinantes para definir se as armas da política tradicional enfim demonstram poder de fogo.

Na cúpula tucana, a mais bem fornida desse arsenal, há pessoas inclusive que acreditam que tal limite deve ser mais exíguo.

Há uma ansiedade enorme no entorno de Alckmin, em especial porque problemas sérios como a questão dos seus palanques em choque no seu Estado natal não serão resolvidos a tempo. Há respiros: a saída de Márcio Lacerda do PSB e da corrida em Minas favorece enormemente o desempenho tucano no vital estado.

Mas a pergunta que todos temem fazer é: e se a tal "batalha dos dez dias" passar em branco? Um estrondoso silêncio se segue a tal questionamento.

Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) enfrentam um fantasma em comum: a anemia de palanques estaduais, tempo de exposição e dinheiro. A famosa capilaridade. São incógnitas, apesar dos números que ostentam.

A atenção está sobre o verdadeiro “outsider” da eleição, por irônico que seja dada a longa história política do personagem, Bolsonaro. O namoro ora aberto, ora envergonhado, de agentes do mercado financeiro e também do PIB com o polêmico deputado tende a ficar oscilante.

Seu mau desempenho em debates insinua dificuldades. A principal pergunta que ele ouve em encontros com empresários é sobre a governabilidade, e uma das maiores raposas políticas do Congresso já disse em tom de brincadeira que Bolsonaro não duraria três meses.

Também concorre contra o deputado sua alta rejeição (39%), principalmente entre as mulheres.

Isso dito, a melhoria dos índices de Alckmin nas simulações de segundo turno apontadas pelo Datafolha podem sugerir que o tucano talvez logre convencer o eleitorado acerca de sua viabilidade. Vai ter muito estrategista de sua campanha à beira de um ataque de pânico até os tais dez dias se completarem.

Em situação mais complexa está o PT. Tudo indica que há um caminho para colocar o poste lulista no segundo turno, apesar das dificuldades de largada de Fernando Haddad. Mas o ajuste fino na insistência da narrativa da vitimização do ex-presidente, que deverá ser declarado inelegível antes do horário de TV começar no dia 31, terá de ser ponderado —ainda mais como o ex-presidente enamorado de seus altos índices de intenção de voto.

 

Otavio Frias Filho iluminava o debate público com a discrição de uma candeia e a potência de um holofote. É ainda mais trágico que sua morte precoce ocorra em meio a mais uma hora turbulenta da nossa infante democracia. Pelo meu prisma particular, após quase 27 anos embarcado na nau por ele comandada, só posso dizer obrigado.

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