Ilona Szabó de Carvalho

Presidente do Instituto Igarapé, membro do Conselho de Alto Nível sobre Multilateralismo Eficaz, do Secretário-Geral. da ONU, e mestre em estudos internacionais pela Universidade de Uppsala (Suécia)

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Ilona Szabó de Carvalho

Brasileiras, olhem para a Finlândia!

Aos 34, primeira-ministra mais jovem da história lidera pelo exemplo

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“Eu acredito em liderar pelo exemplo”. O que poderia ser somente uma frase de efeito fez muito sentido vinda de Sanna Marin, a primeira-ministra mais jovem da história.

A chefe de governo finlandesa deu uma aula sobre liderança, igualdade de gênero, educação, e mudanças climáticas na Universidade Columbia, na cidade de Nova York, onde participou de eventos em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.

As lições que vieram da Finlândia não poderiam estar mais distantes da realidade das brasileiras.

Enquanto Sanna falava sobre como ajudará a transformar seu país em uma economia de bem-estar social livre de combustíveis fósseis, no Brasil, o Dia Internacional da Mulher foi marcado pelo desabafo e chamada à ação de jornalistas que estão na linha de frente dos piores ataques misóginos já proferidos por um chefe de Estado.

Primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin
Primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin - Zhang Cheng -22.fev.2020/Xinhua

Sanna é uma mulher jovem, de 34 anos, vinda de uma “família arco-íris” —forma como ela descreve sua criação por duas mães.

Em uma entrevista, em 2015 ela disse: “Para mim, as pessoas sempre foram iguais. Não é uma questão de opinião. Essa é a base de tudo”.

Marin lidera um governo formado por uma coalizão de cinco partidos, todos liderados por mulheres e quatro delas com menos de 35 anos.

Um grande contraste em relação ao governo anterior do país, formado por homens brancos mais velhos. Há esperança!

Sanna enfatizou que seu país tem uma longa história de promoção da igualdade de gênero. Foi o primeiro a dar às mulheres não somente o direito ao voto, mas também o direito de se candidatar. Afinal, como 
ela disse, não podemos usar somente metade dos recursos humanos dos países. Mulheres precisam tomar parte e contribuir para a economia e a sociedade. Em seu governo, 12 das 19 posições ministeriais também são ocupadas por mulheres.

Em sua palestra, Sanna falou sobre os investimentos da Finlândia em educação nos últimos 40 anos, desde a primeira infância até a educação continuada de adultos, e explicou o impacto positivo que essa decisão teve na economia e no bem-estar do país.

A Finlândia está no topo de rankings globais sobre educação, igualdade de gênero, segurança, governo e instituições, e bem-estar da população.

Seu recado principal, no entanto, foi sobre as mudanças climáticas: “Precisamos mudar nossas sociedades. Nós não teremos uma segunda chance. Todos os governos e todos os líderes mundiais precisam agir para frear as mudanças climáticas agora”.

Sanna descreveu seu plano de governo para atingir a neutralidade na emissão de carbono até 2035 de forma socialmente justa. Ressaltou que para tanto, as políticas públicas precisam ser baseadas em pesquisas e alinhadas aos objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas.

Ela sabe que seu país, com apenas 5,5 milhões de pessoas, não conseguirá mudar o destino da humanidade sozinho. Por isso, conclama: “Precisamos de todos, não temos muito tempo. A ciência já nos disse isso. 

Precisamos aproveitar a oportunidade da próxima Conferência de Mudanças Climáticas da ONU em 2020 (COP26), em Glasgow, para definir objetivos mais ambiciosos e implementá-los. Esse é o momento.”

Sanna é vegetariana desde 2008, quando ingressou na vida política. Ela faz sua parte no nível individual, mas deixou claro que sem a implementação das políticas públicas corretas em larga escala não conseguiremos deixar um planeta habitável para as próximas gerações, o que inclui sua filha Emma, de dois anos.

Quando lhe perguntei que mensagem gostaria de deixar para meninas, mulheres e cidadãos que querem mudar o mundo, ela me disse: “Dê um passo adiante. Considere fazer parte de partidos políticos, concorra a cargos políticos em diferentes níveis. Atue! É um direito e uma obrigação de todos tentar fazer mudanças no mundo.”

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