Ivan Marsiglia

Jornalista e bacharel em ciências sociais, Ivan Marsiglia é autor de “A Poeira dos Outros”.

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@opropriolavo X @JanainaDoBrasil

No Twitter, divergências sinalizam isolamento e radicalização do campo bolsonarista

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Enquanto o presidente @jairbolsonaro se recuperava de sua última cirurgia no hospital Vila Nova Star, em São Paulo, uma semana de hashtags minguadas e discussões intestinas no Twitter sinalizava discórdias no campo governista. Um tuíte do principal ideólogo do bolsonarismo desencadeou a divergência que resultou na ruptura com outra grande influenciadora digital do governismo e pivô do impeachment de Dilma Rousseff.

Na mesma direção do tuíte ameaçador de Carlos Bolsonaro sobre a dificuldade de mudanças “por vias democráticas”, um vídeo de Olavo de Carvalho postado nas redes no domingo (15) defendeu a criação de uma “militância bolsonarista organizada” para defender o governo e desencadear uma onda de processos judiciais contra jornalistas.

No mesmo dia, o jornalista e apoiador bolsonarista @allartercalivre compartilhou o vídeo com uma mensagem enfática: “ASSISTAM ATÉ O FIM. Ponto final.”

Na sequência, Allan divulgou link do Google Docs para inscrição no exército digital de defesa do governo: @allantercalivre “Vamos pautar a imprensa: dane-se o que irão dizer. Terão de falar da maior rede de apoio ao Bolsonaro já existente no país. Acesse:”

A resposta de @JanainaDoBrasil viria nas primeiras horas da manhã de segunda (16), em dois tuítes eloquentes: “O filósofo que se consagrou por denunciar o Imbecil Coletivo do PT, quase criou um Imbecil Coletivo em torno de si mesmo e agora, pasmem, prega um Imbecil Coletivo Bolsonarista. Não vou criticar, quero apenas externar o meu profundo pesar.”

@JanainaDoBrasil “Olavo de Carvalho acabou ontem.”

Manifestações de apoio e crítica misturaram-se nas 36 mil menções ao nome “Olavo” na manhã de segunda (16), no Twitter. E a hashtag de apoio ao guru da Virginia, #olavotemrazao, chegou a 22,4 mil tuítes.

O deputado federal expulso pelo PSL, agora filiado ao PSDB de João Doria, foi sarcástico: @alefrota77 “Cadastro para você otário se filiar na seita do Herculano Quintanilha da Virginia. E olha quem é o recrutador da seita, a mula do Allan Dos Santos.”

Na metade do dia, o próprio Olavo de Carvalho foi ao Twitter contra-atacar: @opropriolavo “A retórica da Janaína Paschoal compõe-se inteiramente de inversões verbais mecânicas. Coisa de quem não distingue entre linguagem e realidade. Já me encheu o saco com essa infantilidade.”

O fogo amigo e ex-amigo veio numa semana em que a movimentação do senador Flávio Bolsonaro (RJ) contra a instalação da CPI da Lava Toga —supostamente em troca de sua própria imunidade no caso Queiroz— já deixara os nervos bolsonaristas à flor da pele. A ponto de o líder do PSL defender a expulsão do filho Zero Um do partido do presidente, como registrou o diretor de jornalismo da Jovem Pan e colunista da revista Cruzoé em um post na segunda (16):

@BlogDoPim “Major Olímpio, que também foi pressionado por Flávio Bolsonaro a retirar assinatura da CPI da Lava Toga, disse ao Estadão: ‘Eu tentei convencer a Juíza Selma a ficar e resistir conosco. Quem tem que cair fora do PSL é o Flávio, não ela. Gostaria que ele saísse hoje mesmo’.”

Sinal, talvez, das rachaduras internas, a hashtag #EstouComBolsonaro, criada para divulgar as realizações do governo, não decolou e, no final da manhã de segunda (16) contabilizava ralos 10,4 mil tuítes.

Nada muito diferente, porém, acontecia na bolha de oposição, que se manteve entretida, desde a semana anterior, com a polêmica Ciro Gomes versus PT e a conveniência ou não da bandeira Lula Livre na constituição de uma (ainda improvável) frente progressista contra Jair Bolsonaro.

Gente de bem 

Enquanto a divergência corria solta nas redes, o encontro do ministro da Justiça com o presidente da República —divulgado por tuíte naquele mesmo domingo (15)— procurou mostrar que, apesar do desgaste das últimas semanas com as interferências de Bolsonaro no Coaf, Receita e Polícia Federal, não tem ninguém de mal ali:

@SF_Moro “Visita ao Sr. Presidente e à Sra. Primeira-dama. Conversa agradável. Presidente recupera-se muito bem. O homem é forte.”

Quem tem medo de Heloísa Wolf? 

A matéria da revista Época em que o repórter João Paulo Saconi se inscreveu no curso de coach online da psicóloga Heloísa Wolf, mulher de Eduardo Bolsonaro, gerou, além de um tuíte de protesto do próprio presidente na sexta-feira (13), um debate sobre ética profissional no Twitter.

@jairbolsonaro “IMPRENSA SEM LIMITES: sem se identificar, o jornalista João Paulo Saconi, Época/ Globo, se passou por gay e fez sessões com a minha nora Heloísa (psicóloga, esposa do Eduardo) e gravou tudo. O que deveria ficar apenas entre os dois, por questão de ética, agora vem a público.”

O ex-editor das revistas Veja e Exame @jguzzofatos concordou com o presidente: “Nenhum jornalista tem o direito de se apresentar a ninguém, para obter informações, sem declarar de imediato a sua profissão —e informar claramente que está realizando uma tarefa profissional. É regra elementar de qualquer código de ética jornalística.”

Já o editor-executivo do The Intercept Brasil e autor do livro “Cosa Nostra no Brasil – A História do Mafioso que Derrubou um Império”, @demori, discordou com ironia: “‘Oi, senhor mafioso, sou jornalista. Estou aqui disfarçado para investigar a máfia. Dá cá um abraço’.”

Custo alto 

Tuíte de @felipeneto publicado na segunda (16), nove dias depois de sua ação contra a censura de livros LGBT na Bienal do Livro do Rio, com link para reportagem de O Globo sobre o cancelamento de sua palestra no evento Educação 360, marcada para esta terça (17) na Barra da Tijuca:

“Infelizmente a notícia é real. As ameaças se intensificaram e estamos montando um documento para dar entrada na polícia. Já tirei minha mãe do Brasil e estou vivendo com o mínimo possível de exposição. Manterei vocês sempre informados.”

O incrível Ruffalo 

Do ator norte-americano que interpreta o personagem Hulk na franquia “Os Vingadores”, da Marvel, sobre a declaração do primeiro-ministro britânico, defensor do Brexit na marra, de que o Reino Unido é como o super-herói verde que, “quanto mais irritado, mais forte fica”.

@MarkRuffalo “Boris Johnson esquece que o Hulk só luta pelo bem de todos. Louco e forte, também pode ser destrutivo. O Hulk funciona melhor quando trabalha em uníssono com uma equipe e é um desastre quando está sozinho. Além disso... ele sempre tem o dr. Banner, com sua ciência e sua razão.”

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