Ivan Marsiglia

Jornalista e bacharel em ciências sociais, Ivan Marsiglia é autor de “A Poeira dos Outros”.

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Inferno em Paraisópolis

Morte de nove jovens em ação da PM numa festa de rua choca Twitter

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As primeiras informações acerca da gravidade dos acontecimentos de domingo (1º) em Paraisópolis, zona sul de São Paulo, chegaram ao Twitter ainda de madrugada.

O repórter da Folha @arturrodrigues foi um dos primeiros a chegar ao local e informar sobre os nove mortos e 12 feridos durante ação da PM numa festa, via thread (fio) de sete tuítes:

“Acabo de voltar de Paraisópolis, que está de luto com as mortes em um famoso baile funk, o bailão da 17. Relatos de várias pessoas e de vídeos analisados indicam que a multidão foi dirigida (tiros e bloqueios) pela polícia a vielas onde houve pisoteamento.”

@arturrodrigues Em resposta a @arturrodrigues “Os dois lados da rua, onde estavam mais de 5 mil pessoas, foram fechados. Sobraram apenas duas vielas, de largura inferior a 2 metros e cheias de escadas. Nesses locais, houve agressões de policiais a grupos totalmente cercados.”

A editora-chefe do site do jornal espanhol El País no Brasil também foi à plataforma citar reportagem veiculada no programa dominical da Rede Globo:

@carlajimenez9 “O Fantástico está dando os detalhes e as imagens da truculência covarde da polícia para agredir jovens que estavam sozinhos chorando em Paraisópolis, rodeados por policiais. Chutes repetidos e tapas. ‘Rigor na apuração’, a promessa de sempre.”

O porta-voz da PM, tenente-coronel Emerson Massera, mal afirmara, em entrevista coletiva, que os policiais tinham sido alvo de tiros por suspeitos em uma perseguição e que “as ações só se deram porque os policiais foram atacados antes de começar o ‘pancadão’”, outro repórter, especializado em polícia, tuitou: 

@andrecaramante “No primeiro documento oficial sobre a tragédia com 9 mortos em #paraisopolis, elaborado pela Polícia Civil, não consta nenhuma menção sobre pedras e garrafas atiradas pelos frequentadores do Baile da 17 contra PMs, ao contrário do que afirmou a PM de SP."

O professor da FGV e presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, @RenatoSdeLima, relacionou: “Na toada de populismos autoritários, a ação destrambelhada em Paraisópolis acontece dias depois do Gov. João Doria publicar a sua Política Estadual de Segurança Pública sem qualquer meta de controle de uso da violência por parte das polícias. @folha”

O governador de São Paulo não tardou a se manifestar: @jdoriajr “Lamento profundamente as mortes ocorridas no baile funk em Paraisópolis nesta noite. Determinei ao Secretário de Segurança Pública, General Campos, apuração rigorosa dos fatos para esclarecer quais foram as circunstâncias e responsabilidades deste triste episódio.”

Já o silêncio de Sergio Moro foi criticado pelo professor @ricardope “Até agora @SF_Moro não disse uma palavra sobre as 9 mortes em Paraisópolis. Isso porque ele é o ‘ministro da justiça e segurança pública’ do país, né? Silêncio que diz muito.”

A onda de solidariedade na plataforma não impediu que alguns relativizassem ou mesmo aplaudissem a ação da PM, como o deputado estadual pelo PSL-SP, Gil Diniz: @carteiroreaca “Todo apoio aos policiais do 16º Batalhão! A imprensa vai massacrar a PM, especialistas vão expor suas teorias sobre violência policial e o governador lavará suas mãos jogando os policiais aos leões. Não questionarão os criminosos causadores da tragédia em Paraisópolis!”

Para o pastor e deputado federal pelo PODE-SP, a culpa é do baile e de quem o autorizou: @marcofeliciano “Minha solidariedade às famílias das 9 vítimas do baile funk em Paraisópolis. Estarei orando para que Deus os conforte neste momento de dor. Cabem explicações do pref. @brunocovas, pois é responsabilidade do município fiscalizar bailes/festas.”

 

O editor-executivo da revista piauí propôs um exercício de imaginação: @zerotoledo “Se bandidos atirassem contra policiais e se escondessem entre participantes de um baile dentro do Paulistano, do Pinheiros ou do Harmonia, a PM de Doria invadiria o clube atirando balas de borracha e bombas de gás? Não, poderia virar uma tragédia. Como virou em Paraisópolis.”

Ferro neles

A decisão do presidente norte-americano Donald Trump de sobretaxar o aço e alumínio brasileiros pelo país supostamente estar “tirarando proveito” da desvalorização do Real diante do Dólar foi outro assunto muito comentado no Twitter. 

Na segunda-feira (2), o próprio Trump usou a plataforma para justificar a decisão: @realDonaldTrump “Brasil e Argentina têm presidido uma desvalorização maciça de suas moedas, o que não é bom para os nossos agricultores. Por isso, com efeito imediato, restaurarei as tarifas de todo o aço e alumínio enviados aos EUA a partir desses países.”

Em resposta, o presidente brasileiro compartilhou num tuíte um trecho do vídeo da entrevista que concedeu ontem (2) prometendo: “Vou conversar com (o ministro da Economia) Paulo Guedes. Se for o caso, ligo para o Trump. Tenho um canal aberto com ele.” 
@jairbolsonaro “Quebra-queixo, 02/dezembro. Saída do Alvorada.”

O segundo e o terceiro colocados da última corrida presidencial no país usaram o mesmo termo para definir a atual política brasileira de “alinhamento com os EUA”: @Haddad_Fernando “O governo terá a oportunidade de medir os resultados da nova diplomacia da vassalagem.”

@cirogomes “Que Bolsonaro seja um despreparado e deslumbrado, todos poderíamos saber. O que me choca é o comportamento de 9 ministros generais vendo, coniventes, nossa soberania (e nossa economia) ser entregue por pura vassalagem!”

Filme queimado

Se Trump não tem ajudado o presidente brasileiro, os artistas norte-americanos muito menos. O ator @MarkRuffalo saiu em defesa no Twitter do amigo Leonardo DiCaprio, atacado por Bolsonaro por financiar ONGs que supostamente “tocam fogo” na Amazônia: 

“Bolsonaro e sua equipe estão usando como bode expiatório pessoas que protegem a Amazônia dos incêndios que ele próprio permite que aconteçam. Pergunte a si mesmo: o que mudou recentemente no Brasil para que isso ocorra agora? Bolsonaro e suas políticas (não) ambientais.”

Pesquisa de campo

Do repórter brasileiro Sandro Fernandes, radicado em Bruxelas, na Bélgica: @cafecomkremlin “Se a sua vida sexual deixa muito a desejar, o culpado pode ser o seu trabalho. Uma pesquisa britânica mostrou que os agricultores são os mais ativos sexualmente – 33% fazem sexo pelo menos uma vez por dia. E quem faz menos sexo? Jornalistas.”

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