Cercado de críticas sobre seu suposto interesse na morte do ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega –miliciano que mantinha relações estreitas com a família presidencial–, @jairbolsonaro saiu atirando no Twitter e por pouco não abre uma crise federativa.
Nesta segunda-feira (17), governadores de 20 estados brasileiros assinaram uma carta de protesto contra declarações do presidente, dentro e fora da plataforma, “se antecipando a investigações policiais para atribuir graves fatos à conduta das polícias e seus governadores”.
No sábado (15), o presidente postara em seu perfil uma nota que, entre outras coisas, afirmava que “a atuação da PMBA, sob tutela do governador do Estado, não procurou preservar a vida de um foragido, e sim sua provável execução sumária, como apontam peritos consultados pela revista Veja”.
Em entrevista à imprensa no mesmo dia, Bolsonaro foi além da mera insinuação: “Quem é responsável pela morte do capitão Adriano? A PM da Bahia, do PT. Precisa falar mais alguma coisa?”
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), revidou: @costa_rui “O Governo do Estado da Bahia não mantém laços de amizade nem presta homenagens a bandidos nem procurados pela Justiça. A Bahia luta contra e não vai tolerar nunca milícias nem bandidagem. Na Bahia, trabalhamos duro para prevalecer a Lei e o Estado de Direito.”
Somaram-se a Costa outros dois adversários políticos de Bolsonaro, também pré-candidatos à disputa ao Planalto em 2022, @wilsonwitzel e @jdoriajr, puxando a lista de governadores que assinaram à carta.
Não por acaso, na segunda-feira (17), o governador do Rio foi à plataforma comemorar a prisão de um miliciano na favela do Antares e chamou a organização criminosa de máfia: @wilsonwitzel “Diariamente, as nossas polícias estão desmantelando as milícias que atuam no RJ. O trabalho é duro, mas alcançaremos o objetivo de acabar com essa máfia. Parabéns à @PCERJ por mais esta ação! #coragempramudar”
E o paulista também aproveitou para elogiar o desempenho da PM durante o Carnaval que mal começou: @jdoriajr “Parabéns aos nossos policiais pela atuação na operação Carnaval Mais Seguro durante esse final de semana de pré-carnaval. Foram efetuadas 413 prisões, além da apreensão de 24 armas e 60 kg de drogas. Dentre os casos, destaco a detenção de uma quadrilha com 48 celulares furtados.”
Também não se furtaria a elogiar o PM de folga que reagiu a tiros a uma tentativa de assalto em pleno bloco de Carnaval na Berrini, baleando três homens e duas mulheres.
Outro pré-candidato, o governador do Maranhão também se manifestou: @FlavioDino “Morte de miliciano acusado de crimes não deveria ser assunto do presidente da República, e sim da Polícia. O presidente da República deveria ter outras prioridades: desemprego; crescimento da economia; preço do gás de cozinha; educação e saúde, entre outros.”
O deputado federal do PSOL-RJ que em audiência na Câmara na quarta-feira (12) chamara o ministro Sergio Moro de “capanga de miliciano” voltou a acusar a família presidencial: @Glauber_Braga “Na inauguração de obra no Rio, Bolsonaro e o filho Flávio se exaltaram e disseram que a homenagem que fizeram a Adriano tinha sido há 15 anos. Mas e a mãe e a ex-esposa do ex-capitão que estavam nomeadas no gabinete de Flávio Bolsonaro até 2018? Sobre isso, silêncio total...”
Já o cientista político e professor da FGV de São Paulo viu, na recente aproximação do presidente com o juiz Marcelo Bretas, um surpreendente ponto de encontro entre as estratégias do populismo de esquerda na Venezuela e o populismo de direita no Brasil: @claudio_couto “A ditadura chavista se construiu por vários meios. Dois foram aliciamento de militares e captura facciosa do sistema de justiça. Por aqui, há militares que se aliciam e juízes que se capturam. De sinal trocado, nada mais símile a chavismo que bolsonarismo.”
Carnaval, desengano
Em um momento de pouca festa para as comunidades indígenas do país, o Twitter repercutiu a prisão de um militante bolsonarista que entrara em uma reserva indígena. Compartilhado pela rede de organizações não-governamentais Observatório do Clima, o vídeo feito pelo próprio Edward Luz ganhou 56,5 mil curtidas e 11,6 mil retuítes.
@obsclima “Grande dia. Momento em que o autoproclamado 'antropólogo de direita' Edward Luz é detido recusando-se a sair de terra indígena e ameaçando agente do Ibama."
A antropóloga da UnB e pesquisadora da Brown University @Debora_D_Diniz tuitou: “Edward Luz foi expulso da Associação Brasileira de Antropologia. Era o 'antropólogo dos ruralistas': leia-se, contra direitos indígenas. Postou-se em terra indígena para impedir trabalho do Ibama em nome de ministro Salles. O bolsonarismo é isso: um poder contagiante à paranoia.”
Paranoia que acometeu também parte da bolha progressista que criticou por “apropriação cultural” o protesto da atriz Alessandra Negrini, que desfilou no bloco Baixo Augusta vestida de índia.
O escritor e jornalista @marcelorubens compartilhou a defesa da atriz feita por uma das principais lideranças do grupo: “Alessandra Negrini foi defendida pela indígena Sônia Guajajara. ‘Muita gente usa acessórios indígenas como fantasia. Isso a gente não concorda. Mas quando a pessoa usa de uma forma consciente, como um manifesto para amplificar as vozes indígenas, então tudo bem, é compreensível.’”
Enquanto isso, o antropólogo brasileiro de maior renome no exterior dava contornos reais ao problema, em uma contundente entrevista ao jornal O Globo, retuitada pelo escritor @abranches “Excelente, imperdível a entrevista de Eduardo Viveiros de Castro no Globo: 'O governo declarou guerra aos índios'.”
Pré-sal
Opinião do jornalista @sidneyrezende, ex-Rede Globo, atualmente no portal SRzd: “A população não está sendo bem informada sobre a greve dos petroleiros. São mais de 20 mil trabalhadores parados em 56 plataformas e 12 refinarias, há 15 dias.”
‘Imprecionante’
Da âncora do programa Roda Viva, @veramagalhaes, retuitando mensagem do ministro da Educação (sic), Abraham Weintraub: “Aonde = locução adverbial que significa ‘para onde’. Neste caso, a pergunta seria ‘onde’. Pompa e liturgia são duas características. Isso obriga o verbo a flexionar. Frase seria, portanto: ‘Onde estão a pompa e a liturgia do cargo?’. A poltrona também está errada, como sabemos.”
Irmão do ministro, o assessor especial do presidente Bolsonaro @ArthurWeint chateou-se: “Ministro da Educação é do Gov Bolsonaro. Assim, esquerda agora fala no Twitter de locução adverbial e flexão verbal. São elitistas engomadinhos, que não faziam uma crítica ao Português porco dos petistas (fora as frases ‘lindjas’ da dilmãe). Twitter é agora local de pompa e talco.”
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