Janio de Freitas

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Cobrança por voto impresso é ameaça que se arma

É preciso uma campanha para deter a receptividade desse movimento na Câmara

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Em reforço à mais urgente de suas metas desordeiras, Jair Bolsonaro agrava a ameaça de que, se recusada a mudança, “um lado” pode “não aceitar” e “criar uma convulsão no Brasil”. Por isso ou por outro dos fatores já em curso, o Brasil, de fato, vai se fazendo propenso a uma convulsão. É uma percepção cada vez mais nítida entre os lúcidos experimentados. E cada vez mais facilitada pelo colaboracionismo da omissão generalizada.

O esforço solitário do ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, só ecoa por minutos. Seria o caso, no entanto, de uma campanha que detivesse a receptividade do voto impresso na Câmara, onde a fraude eleitoral tem velhos praticantes e novas tentações. Nada se move contra essa outra face, “política”, dos preparativos de Bolsonaro para suas alternativas antidemocráticas.

Manifestante pró-Bolsonaro na avenida Paulista, em maio
Manifestante pró-Bolsonaro na avenida Paulista, em maio - Zanone Fraissat - 15.mai.21/Folhapress

Não se justifica dúvida alguma de que Bolsonaro tenha como objetivo uma situação de violência extrema. Já por sua atração pela morte alheia, que também não comporta dúvida, como por tantos atos que nem precisam recorrer ao genocídio que o igualou à pandemia. “Precisamos eliminar uns 30 mil”, era a mais convicta receita de Brasil na sua campanha. Ninguém se identifica e se entrelaça com milicianos se não vê a eliminação humana, individual ou em massa, com indiferença quando não com desejo.

A inércia que assiste à incitação de Bolsonaro, feita já a liberação de armas, autoriza preparativos assim: com a permissão de possuir 60 armas, lembra o sociólogo Antônio Rangel Bandeira, “se dez milicianos se unirem, terão 600 armas”, capazes até de “derrubar helicóptero e perfurar blindado”. Em vez de dez, imaginem-se centenas, milhares, que milicianos e semelhantes não faltam pelo país afora. Dinheiro não falta.

Não seriam as polícias a defender a população, sendo em grande parte integrantes ou aliadas da marginalidade criminosa. O Exército, por sua vez, até hoje não deu sinal de opor-se aos preparativos de Bolsonaro, nem de contraposição ao poder paralelo das milícias.

O próprio ministro da Defesa, general Braga Netto, quando interventor na Segurança do Rio não criou dificuldades reais para os bandos e as milícias que os Bolsonaro conhecem bem. No atual cargo, depois de comandar o bolsonarismo no Planalto, o general preocupa-se em reivindicar uma montanha de bilhões “para assegurar a defesa do território nacional”. Mas o território não está nem sob a mais tênue possibilidade de ameaça. A ameaça está aqui dentro. E não é impróprio admitir que inclua parte dos subordinados ao general-ministro.

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