Janio de Freitas

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Fux socorreu Bolsonaro no momento em que fatos saíam de controle

Pretexto divulgado para reunião com o presidente, a seu convite, não resiste à observação mais simples

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Os soluços de Bolsonaro tiveram efeito positivo em Luiz Fux. Talvez de curta duração, mas o pouparam de uma arbitrariedade que comprometeria o Supremo, sob sua compulsória presidência, em trapaças políticas.

A separação dos três Poderes é um pilar decisivo para a vigência do Estado de democracia constitucional. Luiz Fux não apenas o desconsiderou, fazendo-o ainda com um sentido político inadmitido na magistratura. O pretexto divulgado para uma reunião com Bolsonaro, a seu convite, não resiste à observação mais simples. O componente político ressalta-se.

Luiz Fux socorreu Bolsonaro no momento em que os fatos saíam de todos os controles da Presidência, com a descoberta de dois bandos trapaceiros no Ministério da Saúde, militares em disputa de hienas ante mais de 500 mil mortos, o próprio Bolsonaro nas revelações, a ameaça militar e a rejeição firme ao voto impresso. Bolsonaro sentiu a queda e, aos palavrões, não pôde esconder o desespero.

Concluída a reunião, Luiz Fux explicou-a como propósito de “debatermos” a importância do “respeito às instituições e aos limites impostos pela Constituição”. Bolsonaro em tal debate parece humorismo. Vá lá, foi um debate de rapidez assombrosa: 20 minutos. Na verdade, deduzidos os salamaleques de chegada e saída, mais o Padre Nosso rezado por Bolsonaro, a duração oficial reduziu-se e não chegou a dez minutos.

Mas a artimanha ficou combinada: a formação de um grupo dos dois com os presidentes do Supremo, do Senado e da Câmara para, no dizer de Fux, “fixar barreiras sólidas para a democracia brasileira, tendo em vista a estabilidade do nosso regime político”. O impossível, logo, nada. Apenas a busca de desconcentração do ambiente em progressiva hostilidade a Bolsonaro. Ideia política de Fux, motivo do convite a Bolsonaro.

A meio de sua pretensa explicação, Fux enfiou uma fórmula preventiva: esteve, com Bolsonaro, no exercício de sua função. A necessidade da frase intempestiva mostrou o oposto. Os desarranjos de Bolsonaro com a urna eletrônica, a CPI, a corrupção com vacinas, o crescente número de militares nas tramoias, Lula e as pesquisas, tudo isso são problemas políticos de Bolsonaro. Sem relação, nem mesmo remota, com o Supremo, sua presidência ou, por ora, com o Judiciário.

Os soluços hospitalizados evitaram a Luiz Fux um papel deplorável, em mais uma das comissões fantasiosas que já desgastaram o Supremo, com Dias Toffoli, em proveito de Bolsonaro. Como indicam as pesquisas, a hora é outra.

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