Janio de Freitas

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Descrição de chapéu Eleições 2022

Tapeação de Bolsonaro dá sinais de esgotamento com estresse de truques e farsas

Natureza do presidente só pode acirrar sua desinteligência golpista com avanço de Lula como na pesquisa Datafolha

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O impacto sísmico do recente Datafolha eleitoral deveu-se, além dos números em si, à contradição neles implícita com quase todas as outras pesquisas das últimas semanas.

A simplicidade aparente das divergências percentuais aumenta, porém, os problemas para o eleitorado orientar-se, para a contenção do golpismo e ainda para o acompanhamento, pela Justiça Eleitoral, dos procedimentos de pesquisa.

Os 56% do eleitorado conscientes da ação antidemocrática de Bolsonaro são um alento.

Em proporção aos respectivos totais, esse segmento é muito maior do que a parcela dos que se contrapõem de fato, no alto dos Três Poderes, ao golpismo projetado pela Presidência da República sobre o país e, em especial, sobre as Forças Armadas.

O presidente Jair Bolsonaro em cavalo da PM do DF durante manifestação em apoio ao governo
O presidente Jair Bolsonaro em cavalo da PM do DF durante manifestação em apoio ao governo - Pedro Ladeira - 31.mai.2020/Folhapress

O caminho legal afunila-se para a recandidatura de Bolsonaro. Suas possibilidades de uso eleitoral das verbas e concessões são imensas, mas levariam a efeitos econômicos e políticos condenatórios do candidato.

Não há o que apresente como realizações de governo no interesse da população. Muito ao contrário, a fome que se alastra, o encarecimento do custo de vida, o desemprego, a violência e a insegurança são forças eleitorais que Bolsonaro não pode encarar.

Resta-lhe, na senda legal, a agitação impune.

A crise de direção da Petrobras, por exemplo, não é por aturdimento ante a alta dos combustíveis. É proposital.

Para que Bolsonaro urre em acusação a hipotéticas resistências a seu ataque aos preços. Agora é nomeado para a empresa um já indicado lá atrás, no primeiro passo da crise, e barrado por lhe faltar experiência na área, exigida em lei.

Volta ao palco porque é certa a sua rejeição pelo Judiciário, e Bolsonaro terá mais o que urrar. A tapeação, no entanto, dá sinais de esgotamento, em meio ao crescente estresse público com truques e farsas.

Dado o potencial de Lula até para se eleger já no primeiro turno, como indica o Datafolha, a natureza de Bolsonaro só pode acirrar sua desinteligência golpista.

Pelo mesmo motivo, os generais que o veneram estarão a seu lado. Importa saber que presença têm, nesse bloco, os da ativa. E que domínio têm dos seus compartimentos, porque a história nega sua presumida carta branca. Equação em que entram os 56% antigolpistas constatados pelo Datafolha.

Esse e outros números da mesma pesquisa conflitam com o noticiado nas últimas semanas.

A proliferação recente de organizações de sondagem eleitoral, atraídas pela dinheirama do Tesouro Nacional dada aos partidos e candidatos, tanto traz competição saudável quanto implica riscos de manipulação eleitoral. Estamos no Brasil.

Várias pesquisas vinham indicando pequenas e sucessivas quedas de Lula, com Bolsonaro em movimento positivo. A persistência da queda desorientou o PT e o comentarismo político na busca de explicação.

Uma das culpas imaginadas foi a soma de espontaneidade e franqueza dos improvisos de Lula, a ponto de chegarem no PT ao ridículo de fazê-lo discursar de papel na mão, por leitura de texto alheio.

A mesma interpretação obtusa das tais quedas sujeitou o PT à orientação, cúmulo inesquecível, do Paulinho da Força desejoso de ver Lula falando como alguém do PSDB ou MDB, insincero e bajulador da "elite".

À falta de Leonel Brizola e Jânio Quadros, grandes improvisadores políticos, não pode ser esquecido também o talento oratório que foi, e é, o caminhão do pau-de-arara e a ferramenta do metalúrgico Lula para derrotar preconceitos e as artimanhas de domínio social e político.

As falas de Lula não foram a causa das quedas seguidas em várias pesquisas, nem se sabe quais foram.

Certo é que a alegada diferença de métodos nada explica: se há diferentes percepções da realidade pesquisada, há pesquisa certa ou menos errada. E as demais se dividem entre métodos errados, ou mal aplicados, e trapaças.

A repercussão do último Datafolha foi fruto da combinação de números e do histórico de seriedade que construiu. Em caso de dúvida, possível e respeitável, sobre o lado certo nas pesquisas divergentes, o que resta é aguardar as próximas. Atitude que a agitação bolsonarista não terá.

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