José Henrique Mariante.

Engenheiro e jornalista, é secretário-assistente de Redação da Folha, onde trabalha desde 1992

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Brasil é, cada vez mais, o ex-país do futebol

Título não muda o fato de que país precisa parar de esperar por milagres

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O Brasil é campeão da Copa América. É o melhor que o futebol profissional do país conseguiu nos últimos seis anos. No meio do caminho teve o ouro olímpico, que, convenhamos, em casa e sob o teto sub-23, a conquista deveria estar no terreno da obrigação —para variar, virou sufoco e pênaltis. 

Em Copas do Mundo, estamos há 17 anos sem título. De 2006 para cá, ganharam europeus e, desde 2010, europeus que se encontram na elite não apenas do futebol, mas do esporte em conceito mais amplo.

Alemanha e França, os últimos a triunfar, são potências olímpicas, detêm o que há de mais moderno na área. O futebol, nos dois casos, não é o que vem por cima, porém parte de um mecanismo bem mais complexo, de indústria inserida em política de Estado.

Não é uma coincidência ocuparem a ponta em diversas modalidades, abrigarem uma das ligas de maior público e alguns dos clubes mais ricos do futebol mundial.

Países de verdade tratam o esporte não apenas como negócio, mas como processo fundamental para o bem-estar social de seus cidadãos: saúde, educação, inserção, inclusão, economia, trabalho, é difícil encontrar setor em que a atividade física não desempenhe algum papel, muitas vezes de modo preponderante.

Não se vê muito disso na terra do nunca de Pelé. Esporte aqui é argumento para o dinheiro da emenda do deputado baixo clero ou empecilho para liberar aquela área da cidade a ser concedida.

Culpar governo é fácil, no entanto a coisa vem é de baixo, de nós, da sociedade, que olha o esforço do esporte como tanquinho sarado ou suor do trabalho. Algo que no discurso enobrece, mas que cabe a quem está gordo ou pobre.

Criança brincando com bola na escola é o que leva a um Daniel Alves levantando a taça, não o contrário. Não existe sorte, não é a água que eles bebem.

Ginga, raça, talento, bênção de Deus, estamos há tempo demais acreditando em milagres.

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