José Henrique Mariante.

Engenheiro e jornalista, é secretário-assistente de Redação da Folha, onde trabalha desde 1992

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José Henrique Mariante.
Descrição de chapéu Homem na Lua, 50

Em Terra plana, ovo de Colombo é quadrado

Sete por cento dos brasileiros dizem que planeta não é redondo

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Sete por cento dos brasileiros responderam ao Datafolha que a Terra é plana. Significa dizer que, na era do conhecimento ao alcance dos dedos, para uma parcela razoável da população a informação mais crível que aparece na tela do celular é a de que, em determinado ponto, a Terra simplesmente acaba. Sabe-se lá como.

O apreço por um planeta com borda infinita não é novo, assim como sua relação com o misticismo. O hoje popular caminho de Santiago de Compostela tem origem na idade média, quando a Europa católica, em resposta à invasão árabe, estimulava a peregrinação rumo ao oeste como tentativa de preservar mesmo que a mínima ocupação de seus domínios. 

A expiação só seria possível no Finisterra, o fim do mundo na expressão em galego. Sim, no século 13 o mundo acabava pouco depois da Península Ibérica.

Tempos depois, espanhóis e portugueses empurraram o fim do mundo para outro continente. Descoberta a América, o último território decretado como tal seria o último a ser explorado, a Terra do Fogo, na Patagônia. Coincidência ou não, o último ponto também a receber a espécie humana, milhares de anos antes, após a longa caminhada dos ancestrais a partir da África. 

Naturalismo em voga, a noção de fim do mundo perdeu o sentido e, trocada pela de limite, se tornou alcançável a qualquer latitude ou longitude com ajuda da tecnologia. Em ritmo de aventura o homem foi então aos polos do planeta, a seus pontos mais altos, a seus pontos mais profundos. E para a Lua, feito que completa 50 anos nesta semana.

Ao que tudo indica, estamos cada vez mais próximos do limite do conhecimento pleno da Terra e da maioria das coisas. Depois disso, então, vem o quê? Mais misticismo? Marte? Monolito negro?

Os 7% que acreditam em Terra plana e outros tantos que se seduzem por bobagens do tipo mostram que nosso verdadeiro limite, a ignorância, está longe de ser superado.

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