Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Quase tudo certo

Júlio César jamais estaria na minha lista, muito menos ainda como titular. É a minha principal divergência com Felipão, mas, mais que isso, é meu maior temor na Copa.

Registre-se que jamais confiei nele, nem mesmo quando era, e foi, o melhor goleiro do mundo. Não gosto de goleiros de sangue quente, embora são Marcos tenha sido.

Torço muito para que, ao fim da Copa, Júlio César cale os críticos, obrigue-os a engoli-lo e todas as outras ofensas possíveis do gênero.

Não custa lembrar, porém que, em 2002, eu não perdoava Felipão por ter deixado Romário fora da Copa e até o Baixinho diz hoje em dia que o técnico acertou. Teimoso, retruco, sem convicção, admito, que com ele teria sido mais fácil...

De resto, porque não envolvem titulares, discordamos no secundário.

Levaria Miranda, levaria Filipe Luís, mas que sei eu diante do que sabe o Felipão?

Com créditos acumulados na Copa da Ásia, e na das Confederações, quando recuperou o amor próprio da seleção, tenho de dar de barato que ele sabe mais o que faz do que eu, muito embora a simples constatação não o exima de críticas.

Como já foi diferente, não?

Em 1958, fez-se um escândalo, em São Paulo, porque Vicente Feola não convocou o corintiano Luizinho, o Pequeno Polegar, para levar o inexperiente Pelé...

Que pagou por isso, ao ficar fora dos primeiros jogos na Suécia, vítima das botinadas do zagueiro alvinegro Ari Clemente no último amistoso antes do embarque, quando o time da CBD goleou o Corinthians por 5 a 0.

Em 1962, não houve drama, o time era praticamente o mesmo, diferentemente de 1966 quando cometeram-se as loucuras de convocar quatro times e deixar no Brasil a defesa titular: Carlos Alberto Torres, Djalma Dias, Roberto Dias e Édson.

Menos escandaloso, mas também inexplicável, foi o pecado de Cláudio Coutinho, ao deixar Paulo Roberto Falcão, em 1978, em Porto Alegre.

Há quem diga que a ausência de Neto, em 1990, é comparável, mas aí é exagero, embora ele tenha carregado o Corinthians nas costas na conquista do Brasileirão daquele ano, mas depois da Copa.

Nem mesmo o erro de Dunga ao não incluir Neymar e Ganso em seu grupo teve a mesma relevância.

Sim, as convocações mais recentes são menos incandescentes, porque cada vez mais são poucos os convocáveis de times brasileiros.

Convenhamos que discutir preferências entre os suplentes é menos candente que quando a polêmica se dá em torno de titulares, principalmente entre atacantes.

Sim, volto ao temor, o caso do goleiro é sério.

Os outros não, muito embora tenhamos de rezar, mas só os que rezam, para Fred suportar a dureza da empreitada e que Neymar siga sendo de borracha, plenamente recuperado da primeira lesão mais grave em sua carreira. Amém.

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