Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
Casa verde alvinegra
DOIS MISERÁVEIS toques de Vitor Hugo permitiram a Petros chegar antes que Fernando Prass na bola e passá-la a Danilo, em tarde de Zidanilo, para botar o Corinthians na frente do Palmeiras no 345º dérbi e dar a 120º vitória alvinegra, no primeiro clássico na nova casa esmeraldina.
O Palmeiras ainda tem uma vitória de vantagem na história, mas, ontem, esteve longe dela.
Mesmo contra um Corinthians mesclado, o desentrosado Alviverde deu pouco trabalho, a rigor uma única grande defesa de Cássio e outra de Walter.
Em compensação, levou bola na trave e sucumbiu diante do toque de bola alvinegro, fruto de um time sem nenhuma ansiedade, ao contrário do rival.
Ainda sem Arouca, ainda sem Cleiton Xavier, sem Valdivia e com Dudu em fase de adaptação, talvez Zé Roberto, embora eleito o melhor lateral esquerdo do Campeonato Brasileiro passado, devesse ter jogado no meio-campo, para tentar organizar o principal defeito da equipe, a insegurança na saída de bola.
Mas Cássio fez cera e acabou expulso no segundo tempo.
A exemplo do que fizera no jogo com o Once Caldas quando ficou com um a menos, Tite estacionou o ônibus corintiano à frente da área e passou a especular em torno de um contra-ataque definidor, como Mendoza, a versão colombiana de Jorge Henrique, teve nos pés e Prass impediu.
Com Dudu em campo já desde o início do segundo tempo, e as entradas de Alan Patrick e Rafael Marques, só restava ir para pressão.
Que quase deu certo com Lucas, à queima-roupa, mas foi a vez de Walter evitar, com o pé esquerdo.
O Corinthians cozinhou o jogo e, de certa forma, a expulsão de Cássio foi ruim para o Palmeiras, porque permitiu ao Corinthians se recusar a jogar, o que não faria com 11 contra 11.
Há muito o que fazer no Parque Antarctica, muito mais do que falta em Parque São Jorge.
Para tristeza dos anfitriões o grito que ecoava ao fim do jogo em sua casa era o dos corintianos: "Bi mundial!". Faz parte.
BRUCUTUZINHOS
Não ser campeão sul-americano sub-20 não é importante. Importante, nos torneios das categorias de base, é revelar talentos, é proporcionar esperanças para o futuro próximo.
Terminar em quarto lugar como terminou a seleção brasileira no campeonato no Uruguai também não chega a ser uma catástrofe, embora, aí, seja preocupante.
Agora, levar de 3 a 0 dos meninos colombianos dá a medida do que a CBF está fazendo com nosso futebol.
Porque ruim mesmo é ver em um time, como o brasileiro, em que os brucutus jogam e os mais habilidosos ficam no banco, demonstração da ideologia de um treinador que busca em seus comandados jogadores à sua imagem e semelhança.
Se Dunga jamais foi um virtuoso, não se negue a ele uma carreira exemplar, jogador essencial para a conquista do tetracampeonato nos Estados Unidos, entre outras façanhas.
Já Alexandre Gallo foi apenas um brucutu que agora adestra brucutuzinhos.
Seria melhor criando galinhas.
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