Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
Absolutamente Santos!
Se o Santos fosse "apenas" campeão estadual pela sexta vez em 10 anos ou tivesse vencido "só" sua quarta decisão paulista em sete consecutivas, alguém poderia dizer que o mais conhecido clube brasileiro no exterior tinha virado provinciano, paroquial. Acontece que nesta última década o Santos ganhou também uma Copa do Brasil, uma Libertadores e uma Recopa Sul-Americana.
Isto é, paroquial uma ova!
O Palmeiras pôde sentir a força santista na Vila Belmiro.
Se no domingo retrasado não deu para entender por que Dudu bateu o pênalti que daria a vantagem confortável para o jogo na casa do rival, ontem permaneceu incompreensível porque Claiton Xavier estava no banco e Valdivia em campo.
Simplesmente não dá para comparar a eficácia de um e de outro, mesmo considerando o formidável passe dado pelo chileno para Lucas diminuir e dar esperanças.
Como não para ignorar a diferença que Robinho faz quando com a camisa branca do Santos.
Dos pés dele nasceram os dois gols praianos, no primeiro com generosidade e categoria para David Braz e no segundo com coragem e malícia para Ricardo Oliveira, friamente, executar Fernando Prass.
A vida santista só não ficou mais fácil porque o assoprador de apito achou de fazer média e expulsou Geuvânio injustamente quando apenas o amalucado Dudu mereceu o vermelho.
Como miséria pouca é bobagem, quiseram os deuses dos estádios que Dudu, o cara que repôs o Palmeiras no rol dos grandes ao deixar para trás os rivais do Trio de Ferro, fez as duas lambanças que impediram que a torcida alviverde soltasse o grito de campeão.
O Santos, é claro, não tem nada com isso e se impôs como dono da casa, embora tenha recuado em demasia no segundo tempo e levado o castigo que merecem os que abdicam de sua superioridade para tentar matar um jogo no contra-golpe.
O que estava relativamente fácil se complicou e a decisão acabou na marca da cal, mesmo porque o Palmeiras perdeu o zagueiro Victor Ramos, também expulso de campo, e tratou de segurar o resultado.
Quando o Santos quis voltar a buscar o gol já era tarde, embora, ao faltarem dois minutos, Ricardo Oliveira teve a chance que Fernando Prass evitou com o brilho de sempre.
Quando vieram as cobranças ficou muito claro quem estava ansioso e quem estava confiante.
Quem tinha uma tonelada nas costas e quem não tinha.
O Santos acertou suas quatro cobranças para ser campeão e fazer justiça ao que foi o jogo, porque o Palmeiras converteu apenas duas.
É mesmo incrível o que Robinho é capaz de fazer pelo Santos. É gostoso ver um veterano como Ricardo Oliveira ter o protagonismo que ele teve nesta conquista. É esperançoso ver um meio campista como Lucas Lima, mesmo que não tenha feito uma partida final com a competência que mostrou durante todo o campeonato.
Ao Palmeiras fica a certeza do caminho certo que o levou a decidir o título em poucos meses. Trata-se de persistir. Sem ansiedade.
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