Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
Eliminatórias, lembra?
Que o Chile venha com soberba é a maior esperança de vitória hoje para a seleção brasileira.
A chilena é melhor do banco ao campo, praticamente a mesma que mereceu eliminar o time nacional nas oitavas de final da última Copa do Mundo, ao passo que Dunga não terá quase a metade dos jogadores que estiveram no Mineirão e foram salvos pelo travessão.
Rima que não foi solução, porque se aquela bola entra no derradeiro segundo da prorrogação, evitaria o vexame maior do 7 a 1 dois jogos depois.
Faz oito anos da última estreia da seleção em eliminatórias. Agora, em Santiago, pela primeira vez sem ser a favorita, apesar de o adversário não ser nem a Argentina, em Buenos Aires, nem o Uruguai, em Montevidéu.
Não seria, também, se o rival da hora fosse a Colômbia, em Bogotá, o que dá a medida das dificuldades para pavimentar o caminho até a Rússia, embora, como se saiba, a não ser sob o comando de João Saldanha, para a Copa de 1970, fácil a travessia jamais foi.
Mas eram tempos de Pelé e de um certo colunista desta Folha que, ontem, escreveu preferir Lucas Lima a Oscar, que deve ser o escolhido de Dunga.
Lucas Lima é o melhor meio-campista brasileiro no momento e não deveria haver dúvida sobre sua titularidade, assim como a de Ricardo Oliveira.
Mas, na cabeça de nosso treinador, ambos estão chegando agora e não podem sentar já na janelinha.
A opção é pelo time cascudo e a cascudez não se limita a Luiz Gustavo, Fernandinho e Hulk, mas inclui o tempo de casa, e Oscar, que de cascudo não tem nada, é o preferido.
Campeões da América, em casa, com cinco de seus jogadores indicados pela Fifa para o craque do ano contra apenas três brasileiros (Bravo, Medel, Alexis Sánchez, Vidal e Vargas contra Neymar, Phillippe Coutinho e Willian), é capaz de os chilenos entrarem em campo com um certo salto alto e sejam surpreendidos, eles que, tradicionalmente, tremem na hora agá quando enfrentam os brasileiros.
Possível, não provável, estar aí a chance dos cascudos de Dunga e, justiça seja feita, não é porque alguns deles estiveram na goleada alemã que não mereçam respeito, mesmo que, cá entre nós, Gil, outro recém-chegado, seja mais confiável que David Luiz.
Jefferson, Daniel Alves, Miranda, Gil e Marcelo; Luiz Gustavo, Elias, Lucas Lima, Willian e Douglas Costa; Ricardo Oliveira, este seria o time ideal para quem gosta de futebol, mais do que vencer -ou empatar fora de casa, sem dúvida, nas circunstâncias, um ótimo resultado.
Enfim, aguardemos.
No mínimo é estranha a inédita sensação de ver a camisa amarela sem favoritismo nas eliminatórias.
KIRRATA
Freud explica, Dunga não, o erro aqui cometido na última coluna.
Jadson não está na seleção brasileira como todos sabemos, mas deveria estar a tal ponto em vez de Kaká que o ato falho se deu para vergonha do colunista, que se desculpa com a rara leitora e o raro leitor.
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