Tem mais de 40 anos de profissão. É formado em ciências sociais pela USP. Escreve às segundas, quintas e domingos.
A partir de um grupo médio, Tite soube montar um belo time
O corintiano está comemorando o hexacampeonato brasileiro não é de hoje.
E no intervalo dos jogos em São Januário e no Morumbi continuava a comemorar, porque o empate do Galo garantia o título.
Em seu jogo contra o Vasco, mais tenso pela situação rival do que por poder decidir o Brasileiro sem depender do que acontecia entre São Paulo e Galo, o Corinthians fazia o que se pode chamar de um jogo de segurança.
Não pressionava o adversário e não se deixava pressionar, tanto que nos 45 minutos iniciais foram poucas as oportunidades de gol.
Acostumado a ser campeão sem vencer o jogo que garante o título, o Corinthians fazia lembrar os 0 a 0 contra o Galo, em 1999, e contra o Palmeiras, em 2011.
Contra o time mineiro era mata-mata, contra o arquirrival paulista era nos pontos corridos.
Só não podia perder, como contra o Goiás, em 2005, também em pontos corridos, porque aí fica meio sem graça, pelo menos para o torcedor. Mas empatou, com Lucca e Vagner Love.
Desnecessário dizer que o Corinthians não ganhou seu sexto Brasileirão, igualando-se ao Flamengo e ao São Paulo, nem em São Januário, nem no Morumbi.
Ganhou com uma campanha impressionante em que teve o melhor ataque, a melhor defesa, o melhor desempenho em casa e o melhor desempenho fora de casa. Numa palavra, o melhor.
Nada indicava que assim seria quando o campeonato começou e o Alvinegro perdeu Guerrero, Emerson Sheik, Fábio Santos e Petros, além de ter perdido, em casa, para o Palmeiras e, fora, para o Grêmio.
Nem mesmo uma vaga na Libertadores parecia ao alcance, que dirá a taça brasileira. Foi aí que Tite começou a fazer de um grupo médio um belo time.
Fágner começou a jogar como nunca, Felipe se firmou numa dupla excepcional com Gil, e até Uendel passou a render o que dele não se esperava, numa repetição do que Tite havia feito com Alessandro e Fábio Santos.
O meio de campo com Ralf, Elias, Jadson e Renato Augusto virou um espanto, essencialmente graças à recuperação física de Renato Augusto e a psicológica de Jadson, obras do fisioterapeuta Bruno Mazziotti, do preparador físico Fábio Masseredjian e do técnico Tite.
Garantida a espinha dorsal, Love passou a fazer gols e Malcon virou um jogador taticamente importante.
Daí para frente, Guilherme Arana apareceu com Edílson para substituir os laterais, Luciano desandou a fazer gols e apareceu Lucca para fazer gols providenciais, além do útil Rodriguinho.
A decisão mesmo foi nos 3 a 0 sobre o Galo, no terreiro mineiro.
Daí para os gols são-paulinos foi mera contagem regressiva.
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