Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu

Dribles foram ferramenta mágica para decidir dois clássicos

Corinthians e M. United venceram graças ao talento individual de jogadores

Rodriguinho, do Corinthians, passa pelo palmeirense Dudu durante o dérbi disputado no Itaquerão
Rodriguinho, do Corinthians, passa pelo palmeirense Dudu durante o dérbi disputado no Itaquerão - Adriano Vizoni/Folhapress

Dois volantes volantes, Gabriel e Renê Júnior, um meio campista habilidoso como Maycon na lateral-esquerda, nenhum centroavante fixo e posse de bola.

Eis a receita de Fábio Carille para levar o Corinthians à quarta vitória seguida contra o Palmeiras.

Aberta por um lance que envolveu tudo imaginado pelo treinador, menos um artifício. 

Porque o time alvinegro tocou a bola 28 vezes, virou o lado do jogo, recuou, avançou, por 83 segundos, com a participação de nove jogadores de linha, com exceção de Balbuena, até que Rodriguinho, com um drible desconcertante, deixou dois rivais no chão e chutou no alvo para abrir o placar.

O número do esquema, 4-2-4, como quis o técnico, 4-4-2, como visto por outros, importa menos, porque tudo se confunde quando a bola rola e o que decide é a centelha do jogador capaz de enganar a rigidez defensiva com uma jogada mágica que derruba qualquer teoria. 

Não há duas linhas de quatro que resista, mesmo que quem a faça esteja mais disposto a resguardar que atacar, como fez o time alviverde.

Assim aconteceu para o Corinthians começar a vencer o dérbi, assim ocorreu em Manchester para o United virar para cima do Chelsea por 2 a 1. O time londrino vencia graças ao passe milimétrico e genial do belga Hazard para o brasileiro, cada vez melhor, Willian fazer 1 a 0.

O Chelsea era superior até que José Mourinho tomou a medida necessária para evitar que a dupla responsável pelo gol tivesse tanta liberdade. O United cresceu, equilibrou o clássico pelo Campeonato Inglês e arrancou o empate na raça, com outro belga, o centroavante Lukaku.

O atacante canhoto de origem congolesa do United também, como Rodriguinho, resolveu o jogo ao ter a ousadia de, como ponta-direita, pedalar e driblar dois rivais para passar com perfeição na cabeça do meia Lingard, que virou o placar. 

Não entendam a rara leitora e o raro leitor o menosprezo aos esquemas táticos. Nada disso.

Lukaku (à dir.) foi decisivo para o gol de Lingard, que decretou a vitória do Manchester United sobre o Chelsea
Lukaku (à dir.) foi decisivo para o gol de Lingard, que decretou a vitória do Manchester United sobre o Chelsea - Andrew Yates/Reuters

Apenas a constatação sobre o que e quem decide a esmagadora maioria dos jogos: o talento, a ousadia, o detalhe que distingue o talento do ser humano, do jogador, que não é máquina, embora alguns sejam verdadeiras máquinas de jogar futebol.

Nota da redação: Hazard, Lukaku e o mago De Bruyne, mais o excepcional goleiro Courtois e o ótimo zagueiro Kompany, são todos belgas. Olho, portanto, durante a Copa da Rússia, na seleção da Bélgica!

Voltemos às táticas.

Pep Guardiola é, disparado, o melhor treinador do mundo desde os tempos sensacionais do Barcelona.

Hoje brilha no Manchester City depois de influenciar o modo alemão de jogar bola em sua passagem pelo Bayern Munique.

Após uma temporada de adaptação ao futebol inglês, será campeão nacional e acaba de vencer a Copa da Liga Inglesa, ao levar seu time à vitória contra o Arsenal, por 3 a 0, no Wembley.

E como foi o primeiro gol dos “citizens”, mestres em posse de bola?

Numa ligação direta do goleiro chileno Bravo para o matador argentino Kun Agüero.

Nada mais menos Guardiola...

Assim é no futebol: na base do improviso, da surpresa, no detalhe que ninguém desenha e o adversário não prevê.

Como na vida.

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