Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Em nome de Sócrates

Filho e irmão do Doutor se encontraram em campos opostos no Morumbi. Valeu?

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Gabriel comemora gol em vitória do Santos por 1 a 0 sobre o São Paulo
Gabriel comemora gol em vitória do Santos por 1 a 0 sobre o São Paulo - Mauro Horita

Doutor Sócrates, o aniversariante deste dia 19 de fevereiro, certamente teria torcido pelo Santos.

Não só pelo fato de seu filho Gustavo estar no comando do futebol santista, mas porque ele mesmo era torcedor praiano até se converter ao corintianismo, além de ter jogado pelo time da Vila Belmiro.

O mano Raí, responsável pelo futebol do São Paulo, entenderia numa boa. Por mais que um irmão seja querido, e o caçula ainda por cima, filho é filho.

Seu Raimundo, pai de Raí e avô de Gustavo, se divertiria. Dona Guiomar, mãe e avó, aos 97 anos, em Ribeirão Preto, se divertiu à distância.

Mas o que o Magrão diria do jogo?

No primeiro tempo ele elogiaria o começo do peruano Cueva, o único em campo a buscar algo diferente, com passes precisos, chutes a gol e até um belo toque de calcanhar, especialidade do capitão brasileiro na Copa do Mundo de 1982.

O São Paulo compensava a pouca velocidade com toque de bola envolvente, mas ineficaz. O Santos só queria não sofrer gols, despreocupado em fazê-los. Resultado? 0 a 0.

"Futebol sem arte só me dá sono", diria o Doutor, cirúrgico em seu diagnóstico.

Acordado para ver o segundo tempo no Morumbi, alguma novidade, Magro?

Ainda antes do 10° minuto, o primeiro contra-ataque santista deu certo com passe de Sasha para Gabriel marcar seu terceiro gol em três jogos com sua nova velha camisa.

Sócrates sorriria pela precisão de taco de bilhar do artilheiro e depois criticaria a incapacidade do Tricolor em levar uma vez sequer perigo ao gol santista.

1 a 0 e só. Ele merecia mais.

NÚMERO 1

Aos 36 anos, Roger Federer voltou a ser o tenista mais bem ranqueado do mundo.

A primeira vez em que conseguiu chegar ao topo foi em fevereiro de 2004. Tinha 22 anos.

Nada menos de 14 temporadas depois, o suíço retoma a coroa. É o primeiro a fazê-lo tanto tempo depois.

Em 2012 havia sido o número 1 pela última vez.

Jamais alguém retomou o posto depois de intervalo tão grande, assim como nunca antes um tenista com a atual idade dele chegou lá.

Também é primazia sua ficar 303 semanas como o melhor.

Cabe perguntar: você tem certeza de que Federer é terráqueo?

ANIVERSÁRIO

Doutor Sócrates, como já dito, faria hoje 64 anos.

Sua memória não tem donos, embora seja inevitável que sempre haja quem queira explorá-la e até invente histórias.

Como uma delas mais recentes envolve o colunista, um esclarecimento se faz necessário: é fruto de mente fantasiosa que as fitas gravadas com ele para uma futura biografia que faríamos a quatro mãos tenham sido roubadas de meu carro. Estão todas intactas comigo.

Reitero que abandonei a ideia de escrever o livro que havíamos planejado por dois motivos: se o escrevesse contando tudo que sei, trairia o amigo morto; se omitisse, o leitor é que seria traído.

O jornalista escocês Andrew Donnie escreveu bela biografia do Magrão em inglês, já vertida para o francês, com prefácio de Raí, e em processo de versão para o italiano e o turco. Só falta a tradução para o português.

O título original é, "Doctor Sócrates, Footballer, Philosopher, Legend", com prefácio do holandês Johan Cruyff.

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