Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Este Corinthians de fé inabalável

Além do futebol, o time joga com a convicção de que vencerá quem quer que seja

O Brasileirão nem bem começou e qualquer conclusão após duas rodadas será apenas leviana, apressada.

Com seis pontos, o Corinthians, por exemplo, enfrentou dois times, Fluminense e Paraná, que devem se preocupar mais com a parte de baixo da tabela e, portanto, não servem de base para coisa alguma.

​Acontece que enfrentou também o Palmeiras e o Independiente portenho, pelo Paulistinha e pela Libertadores, e passou por eles com autoridade, ou mais, com a convicção de que poderia derrotá-los. Os derrotou, como se sabe, por magros 1 a 0, mas suficientes.

Só o Alvinegro e o Grêmio entram em campo com tal confiança no atual futebol nacional, o que não significa, necessariamente, que serão bem-sucedidos.
 

Vários jogadores do Corinthians se abraçam
Corintianos comemoram gol na goleada por 4 a 0 sobre o Paraná - Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians./Divulgação


Mas faz diferença acreditar em si mesmo e foi assim que o atual campeão brasileiro e bicampeão paulista ganhou dos tricolores carioca e paranaense.

Sofreu em casa com o primeiro, esteve perto de perder, para vencê-lo no fim.

Sofreu também com o segundo, em Curitiba, por 20 minutos no começo do jogo para goleá-lo sem perdão por 4 a 0, com mais um gol de Rodriguinho, o primeiro da goleada, o do desafogo.

Porque tem uma fé inabalável em seu taco, por mais que seja um taco de madeira, não de ouro. Madeira de lei, talvez deva ser dito.

Mesmo que os observadores se surpreendam, o técnico Fábio Carille e os jogadores não se abalam e friamente acumulam vitórias com incrível naturalidade. Imagine se o time fosse estrelado.

Comovente Iniesta

Andrés Iniesta está se despedindo do Barcelona. O clube não deveria aceitar e fazer o impossível para impedir que ele encerre a carreira na China. 

Dinheiro não pode ser o problema, embora tudo indique que a decisão do gênio tenha muito mais a ver com sua capacidade de permanecer competitivo, às portas de completar 34 anos no próximo dia 11.

Autor do gol que deu o único título mundial da Espanha, o meia que formou com Xavi um dos melhores meios de campo de todos os tempos, jogou como um mestre raro a decisão da Copa do Rei e saiu de campo ovacionado até pela torcida do rival que o viu comandar o time catalão na implacável goleada por 5 a 0 sobre o Sevilla.

Gênio, gênio e gênio. E gênio!

O Perez bom

Marinho Perez foi um zagueiro extraordinário que brilhou na seleção brasileira, na Portuguesa, no Inter, no Palmeiras e, também, muitíssimo, no Santos. O santista que o viu tem saudades. Muitas. Já o atual, o presidente José Carlos, não só é com “s” como parece ser com “$”.

Porque tem o desplante de ser sócio de empresa que compra e vende jogadores e fazer do parceiro diretor da base do Santos. Se não bastasse, tomara que seja só isso, porque corre o risco de ter outro diretor acusado de pedofilia.

Este mau Peres foi quem pagou para uns e outros reverem a história do futebol brasileiro e cometerem a monstruosidade de querer transformar Taça Brasil em Campeonato Brasileiro ---felizmente algo aceito apenas oficialmente, mas não por quem conhece e respeita os fatos como os fatos foram.

O revisionismo típico da velha União Soviética deu-se quando Ricardo Teixeira, fragilizado na presidência da CBF, precisou fazer demagogia com clubes que ganharam títulos numa canetada indecorosa.

Peres é mais um cartola a infelicitar grande clube brasileiro, o que não surpreende por ter sido apoiado por quem foi na última eleição na Vila Belmiro.

PVC observou que o presidente do Santos passou dias sem atender o telefone. Sabe por quê? Naqueles dias, justificou o cartola, não atendia nem sua mulher, Maria de Lourdes, que também o pressionava para renunciar.

Se Peres fosse só folclórico estaria até que muito bom.

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