Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri
Descrição de chapéu

Imaginar o Corinthians campeão é tarefa para quem tem imaginação

Além da vantagem, Palmeiras tem muito mais talento e jogadores decisivos do que o rival

O Palmeiras está a 90 minutos de seu 23º título estadual, para ficar à frente do Santos e só atrás do Corinthians que derrotou com o solitário, e quase lotérico, gol de Borja, no sétimo minuto do Dérbi, jogo de ida da decisão paulista em Itaquera com quase 44 mil torcedores.

O Alviverde tem muito mais talento e jogadores decisivos, razão pela qual ao sair à frente tão cedo, tratou de deixar o rival com a bola e explorar sua impotência, pois falta ao Alvinegro aquele jogador capaz de mudar o jogo, de partir para cima do adversário, de driblá-lo para se infiltrar em defesas fechadas.

Além do gol, o momento mais emocionante do clássico aconteceu já nos acréscimos do primeiro tempo, ao menos para quem gosta de boxe, porque Felipe Melo enfiou a mão na cara de Clayson, ambos corretamente expulsos.

Para o jogo da volta, na casa verde, mesmo só com palmeirenses, dificilmente o Verdão partirá para cima.

Ao contrário, tudo indica que Roger Machado explorará a necessidade do rival em fazer gol para usar suas armas e assegurar o título que está ao alcance da mão.

Imaginar que o Corinthians saia do campo rival com seu 29º título é tarefa para quem tenha muita, mas muita imaginação.

Sim, em futebol tudo é possível. Até o exagero.

O FIM DOS ESTADUAIS

Com as águas de março fechando o verão, mata-matas encerram os campeonatos estaduais.

Poderia dizer que os enterram, mas seria maldade e mentira.

Porque na próxima temporada teremos mais —e sabem lá os deuses dos estádios até quando.

O Dérbi em São Paulo, Atletiba em Curitiba, Botafogo e Vasco no Rio, Galo e Cruzeiro em Belo Horizonte, Ba-Vi em Salvador, Re-Pa em Belém, grandes clássicos motivam as finais.

Certeza de casas cheias pelo país afora, talvez com exceção do Estadual do Rio cujas semifinais, somadas, não chegaram aos 40 mil pagantes.

Só em Porto Alegre a decisão fugirá do clássico: em vez do Gre-Nal, Grêmio x Brasil de Pelotas, inédito repeteco da final do primeiro Campeonato Gaúcho, em 1919.

No país do “me engana que eu gosto” e da “última impressão é a que fica”, clássicos e decisões servem para muitos esquecerem que nessas horas ninguém quer perder nem par ou ímpar, ou torneio de cuspe à distância, porque as rivalidades locais falam mais alto.

Se puserem um galo vestido de verde para enfrentar outro de preto e branco, a rinha lotará.

Nem por isso a briga de galo deixará de estar fora da moda.

Pergunte a quem, entre 1975 e 1991, voou de Electra, um ótimo avião turboélice, na ponte aérea Rio-São Paulo, se topa voltar a usá-lo em vez dos jatos de hoje em dia.

Porque o que passou, passou, mas os Estaduais não passam, ao contrário, alimentam jogadas como o “golpe Caboclo”.

QUE DIFERENÇA!

Antes do Dérbi, o Bayern Munique triturou o maior rival Borussia Dortmund ao goleá-lo por 6 a 0 e o Manchester City deu outro show de bola ao vencer o Everton por 3 a 1.

Ao mesmo tempo da decisão paulista, o Barcelona perdia sua invencibilidade para o Sevilla e conseguiu empatar em dois minutos, quatro antes do jogo terminar, com Suárez e Messi, mágicos.

Dá uma inveja...

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